Myanmar: Militares acusados de incendiarem aldeia no centro do país
Uma aldeia no centro de Myanmar (ex-Birmânia) foi quase completamente destruída pelas chamas depois de uma invasão de militares, acusaram hoje os residentes à agência de notícias AFP, enquanto o exército culpava "terroristas" pelo incêndio.
© Stringer/Anadolu Agency via Getty Images
Mundo Myanmar
O país está mergulhado no caos desde o golpe de estado de 1 de fevereiro e há uma repressão brutal levada a cabo pelo exército birmanês contra as manifestações que exigem o regresso da democracia.
Os confrontos eclodiram em muitas partes de Myanmar, onde civis formaram forças de "autodefesa" para se opor à Junta Militar que tomou o poder.
Militares invadiram a aldeia de Kin Ma, na região central de Magway, na terça-feira em busca de membros de uma força de autodefesa local, disse um morador à AFP, um homem de 48 anos que falou sob condição de anonimato.
"Enquanto as pessoas corriam, [os militares] atiraram sobre a aldeia com um lançador de foguetes. E então vimos chamas a sair das casas", disse.
"Não pensávamos que iriam destruir tudo, então corremos sem levar nossas coisas e deixamos tudo em casa", acrescentou o homem.
"Havia 250 casas na aldeia, agora só restam cerca de 20", disse outro morador à AFP, acrescentando que um casal de idosos que não pode fugir morreu no incêndio.
"A minha casa também foi reduzida a cinzas. Tudo o que resta é a estrutura de metal", acrescentou.
Imagens publicadas pelos meios de comunicação locais mostraram nuvens de fumo a subir para o céu e os restos de casas carbonizadas.
Os meios de comunicação locais também informaram que um casal de idosos morreu nas chamas.
As autoridades birmanesas afirmaram que o incêndio começou depois de "40 terroristas armados" atearem fogo na casa de um membro local de um partido pró-exército, o que provocou o deslocamento do destacamento de militares para o local.
"Por causa do vento, o fogo espalhou-se para as casas vizinhas e cerca de 70% da vila foi queimada", disse a assessoria de imprensa da Junta Militar num comunicado.
Com manifestações quase diárias, a economia paralisada por greves massivas, o ressurgimento de confrontos entre o exército e as fações étnicas rebeldes, Myanmar está em turbulência desde o golpe que encerrou um curto período democrático de 10 anos.
O movimento de protesto foi violentamente reprimido pelas forças de segurança que mataram mais de 860 civis nos últimos meses, incluindo mulheres e crianças, segundo a Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP).
O líder da Junta, Min Aung Hlaing, justificou a sua tomada do poder devido à alegada fraude nas eleições legislativas de novembro de 2020, vencidas por esmagadora maioria pelo partido da ex-líder Aung San Suu Kyi, da Liga Nacional para a Democracia.
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