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Chefe da diplomacia da Colômbia demite-se em plena crise social

A chefe da diplomacia colombiana, Claudia Blum, apresentou hoje a demissão, numa altura em que o país está mergulhado numa das piores crises sociais e políticas dos últimos anos provocado por mais de duas semanas de protestos e manifestações.

Chefe da diplomacia da Colômbia demite-se em plena crise social
Notícias ao Minuto

17:04 - 13/05/21 por Lusa

Mundo Claudia Blum

"Através da presente, quero, da forma mais respeitosa, apresentar a Vossa Excelência [Presidente da Colômbia, Ivan Duque], a minha renúncia irrevogável ao cargo de ministra dos Negócios Estrangeiros da Colômbia, com efeitos imediatos", lê-se na carta de demissão de Blum, datada de terça-feira, mas hoje publicada na imprensa local.

Blum, que estava no cargo desde novembro de 2019, quando sucedeu a Carlos Holmes Trujillo, falecido em janeiro desse ano, não avançou as razões para a renúncia, demissão que estava a ser alvo de especulação na imprensa nacional da Colômbia desde o fim de semana passado.

"Tenho certeza de que, sob a sua liderança, o país seguirá no caminho do desenvolvimento sustentável, na recuperação social e económica dos efeitos da pandemia e na consolidação de consensos que ratifiquem a unidade e a força do nosso país", escreveu Blum na carta entregue a Duque.

Nas últimas duas semanas, o Ministério dos Negócios Estrangeiros colombiano tem enfrentado múltiplas críticas e chamadas de atenção por parte de várias organizações internacionais, da ONU e de numerosos países estrangeiros, tendo em conta as imagens da brutalidade policial que saltaram para as televisões de todo o mundo. 

Também várias foram as críticas internacionais ao uso excessivo da força pela Polícia e pelo Esquadrão Móvel Antimotim (Esmad) durante os protestos, sobretudo em Cali, epicentro dos protestos e terceira maior cidade do país.

Desde 28 de abril que a Colômbia está mergulhada em grandes manifestações contra o executivo de Duque, que propôs, e retirou, mais tarde, uma proposta de reforma fiscal no país, com a população agora a exigir também reformas na polícia e na saúde e mesmo a renúncia do Presidente colombiano.

O projeto de reforma fiscal desencadeou fortes críticas, tanto da oposição como dos sindicatos que organizaram uma mobilização a 28 de abril, que reuniu também representantes do partido no poder.

Defenderam que a reforma irá afetar em demasia a classe média, considerando ainda "inoportuna" no meio da pandemia de covid-19, que agravou a crise económica no país.

Duque propôs retirar o plano original de redigir um novo texto, anulando os principais pontos contestados: o aumento do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) sobre bens e serviços, bem como a ampliação da base do Imposto sobre o Rendimento (IRS).

Apesar do anúncio da retirada da proposta, várias são as manifestações que estão desde então a decorrer nas principais cidades do país.

Segundo fontes da Procuradoria-Geral da República colombiana, os confrontos provocaram pelo menos 42 mortes (41 civis e um agente da polícia), estando ainda por localizar 168 pessoas.

Blum é a segunda baixa no Governo de Duque. A 03 deste mês, o ministro das Finanças, Alberto Carrasquilla, renunciou ao cargo, depois de ser visto como o principal responsável pela reforma tributária fracassada. 

O Governo de Duque ainda não se pronunciou sobre a renúncia de Blum nem indicou quem será o sucessor.

A Colômbia está a enfrentar a pior crise económica em meio século, com o produto interno bruto (PIB) a cair 6,8% em 2020 e o desemprego a atingir, oficialmente, os 16,8% em março.

Quase metade da população ativa do país de 50 milhões de habitantes vive na economia informal, com o índice de pobreza a piorar e a atingir os 42,5%. 

JSD // EL

Lusa/Fim

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