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Grandes distribuidores de opiáceos foram levados a tribunal nos EUA

Os três maiores distribuidores norte-americanos de opiáceos compareceram hoje pela primeira vez perante um tribunal na Virgínia Ocidental, acusados de inundar o estado, um dos mais pobres dos EUA, com analgésicos, provocando milhares de 'overdoses'.

Grandes distribuidores de opiáceos foram levados a tribunal nos EUA
Notícias ao Minuto

18:12 - 03/05/21 por Lusa

Mundo EUA

Em 2017, a cidade de Huntington e o condado de Cabell a que pertenc entraram com uma ação judicial contra as empresas AmerisourceBergen, Cardinal Health e McKesson, alegando que não tinham recusado nem denunciado às autoridades receitas suspeitas de opiáceos, ao longo de vários anos, provocando uma vaga de mortes por 'overdose' no estado da Virgínia Ocidental, já devastado pela crise económica.

O processo também visa, entre outras, a farmacêutica Purdue Pharma e a rede de farmácias CVS.

Cerca de 500.000 pessoas morreram de 'overdose' nos Estados Unidos, desde 1999, quando os fabricantes incentivaram as prescrições, que não estavam então sujeitas a controlos rígidos.

"Entre 2006 e 2014, os fabricantes e distribuidores de opiáceos medicinais inundaram a Virgínia Ocidental com 1,1 mil milhões de comprimidos de hidrocodona e oxicodona", dois opiáceos, o equivalente a 611 comprimidos por homem, mulher e criança no estado, de acordo com a denúncia, que pede pelo menos 500 milhões de dólares (cerca de 410 milhões de euros) em compensações.

Com 1,8 milhões de habitantes, a Virgínia Ocidental, no leste dos Estados Unidos, teve a maior taxa de mortalidade por 'overdose' de opiáceos no país em 2015, com 41,5 mortes por cada 100.000 habitantes.

Huntington, uma cidade de 50.000 habitantes, foi o epicentro desta crise, quando, em agosto de 2016, 28 pessoas morreram com 'overdose' no mesmo dia.

Mais de 3.000 queixas semelhantes foram apresentadas nos Estados Unidos e Huntington tornou-se um símbolo dos esforços das autoridades para fazer as empresas pagarem pelos custos sociais e económicos da crise.

Em 2019, um tribunal em Cleveland, Ohio, chegou a um acordo extrajudicial com os três distribuidores, para conseguir uma compensação de cerca de 200 milhões de euros para evitar um processo judicial.

Fabricantes e farmácias acreditam que os médicos são responsáveis pelas prescrições excessivas que alimentaram um mercado negro ao longo de 15 anos, antes que os mecanismos de controlo fossem introduzidos, em 2015.

Os utilizadores recorreram à heroína e ao fentanil, um opioide sintético extremamente poderoso, prolongando a epidemia, que se agravou ainda mais durante a pandemia de covid-19.

O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (FDA), o principal regulador de saúde pública dos Estados Unidos, estima que cerca de 90.000 pessoas morreram de 'overdose' de drogas em 2020, três quartos das quais envolviam opiáceos.

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