Tratamento a líder da Polisário não "perturba" relações com Rabat
A chefe da diplomacia espanhola disse hoje que as relações com Marrocos não seriam afetadas pelo acolhimento em Espanha do líder da Frente Polisário para tratamento.
© Lusa
Mundo Espanha
"Isso não impede ou perturba as excelentes relações que Espanha tem com Marrocos", afirmou Arancha González Laya, em conferência de imprensa.
Marrocos é um "parceiro privilegiado" de Espanha "a nível económico, político, migratório e empresarial, na luta contras alterações climáticas e isso não vai mudar".
Rabat é um aliado fundamental de Madrid, sobretudo na luta contra a migração ilegal. Uma cimeira entre os dois países está planeada há meses, mas foi adiada, oficialmente devido à pandemia.
Os independentistas saarauís da Frente Polisário indicaram na quinta-feira à noite que o seu líder e Presidente da República Árabe Saarauí Democrática (RASD), Brahim Ghali, estava a ser tratado e a recuperar depois de contrair covid-19, mas sem apontar onde foi atendido.
Em nota, a Presidência da RASD garantiu que o seu estado "não era preocupante".
Este comunicado de imprensa foi publicado em resposta a um artigo no semanário francês Jeune Afrique, segundo o qual o Presidente da RASD, de 73 anos, e que se diz sofrer de um cancro, foi hospitalizado de emergência em 21 de abril em Espanha, sob um nome falso argelino.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol anunciou então que o dirigente da Frente Polisário tinha sido "transferido para Espanha por motivos estritamente humanitários para receber tratamento médico", sem outros esclarecimentos.
González Laya, questionada hoje, recusou-se a indicar onde Brahim Ghali estava hospitalizado e a dar detalhes da sua transferência para Espanha.
"A presença de Ghali em Espanha é por razões estritamente humanitárias, para receber tratamento médico. Vou manter a maior discrição quanto aos detalhes", referiu.
A questão do estatuto do Saara Ocidental, considerado "território não autónomo" pelas Nações Unidas na ausência de um acordo definitivo, opõe há décadas Marrocos e a Frente Polisário.
Esta última pede um referendo de autodeterminação previsto pela ONU, enquanto Marrocos, que controlo mais de dois terços do território, propõe um plano de autonomia sob a sua soberania.
Os independentistas saarauís voltaram a pegar nas armas em novembro passado, em resposta a uma operação militar marroquina numa zona tampão no extremo sul do vasto território do deserto.
Um líder militar da Frente Polisário, Addah Al-Bendir, foi morto no início deste mês por um ataque de 'drone' [aparelho aéreo não tripulado] numa área saarauí no norte do território, de acordo com o movimento independentista.
De acordo com o Far-Maroc Forum, página não oficial das forças armadas marroquinas no Facebook, Brahim Ghali estava ao seu lado e "sobreviveu" à operação marroquina.
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