Várias dezenas de habitações foram reduzidas a cinzas e milhares de habitantes fugiram desde quarta-feira, a maior parte dos quais refugiou-se em escolas e estádios, segundos estes dirigentes.
"Tratei mais de 30 feridos e mais de dez pessoas foram mortas", disse à AFP Wondwossen Zeleke, responsável médico de Anstoka, distrito da zona administrativa do Shoa do Norte, referindo "matanças, deslocações e incêndios de habitações a grande escala sem precedente".
Acrescentou ainda que "todas as vítimas foram atingidas por balas".
Em Majeté, localidade do Shoa do Norte, quatro agricultores foram mortos e um polícia abatido, durante dois acontecimentos distintos, disse um dirigente municipal à AFP.
Estes dois dirigentes acrescentaram que admitem um balanço bem mais pesado.
O principal mediador etíope, Endale Haile, indicou à AFP, no início de abril, que mais de 300 pessoas tinham falecido e outras 300 sido feridas, durante vários dias de violência em março em duas zonas administrativas de Amhara, do de Shoa do Norte e a zona especial de Oromo.
O exército etíope anunciou no domingo que deslocou tropas para Amhara para controlar a violência entre as etnias Oromo e Amhara, as duas maiores do país, depois de novos confrontos.
A Amhara, uma das dez regiões administrativas da Etiópia, cortadas ao longo de linhas étnicas, é povoada essencialmente de Amharas, mas a zona especial de Oromo, que é limítrofe do Shoa do Norte, é povoada por Oromos.
Ahmed Abiy, um Oromo, é primeiro-ministro desde 2018, depois de uma longa contestação de jovens amhara e oromo contra cerca de 30 anos de poder, exercido com mão de ferro, da elite do Tigré.
A sua política de abertura despertou antigos diferendos comunitários e ambições territoriais locais, que resultaram em violências e mortes.
Alguns analistas receiam o agravamento da situação, com o aproximar das eleições legislativas e regionais, marcadas para 05 de junho,
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