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Estado não injetou qualquer verba na Cabo Verde Airlines, garante CEO

O presidente da Cabo Verde Airlines (CVA), Erlendur Svavarsson, afirmou hoje que a situação financeira da companhia é agora "especialmente boa", mas garante que o Estado cabo-verdiano não injetou qualquer verba, contrariamente ao que aconteceu com as concorrentes portuguesas.

Estado não injetou qualquer verba na Cabo Verde Airlines, garante CEO
Notícias ao Minuto

15:43 - 15/04/21 por Lusa

Mundo Cabo Verde

Em entrevista à Lusa na cidade da Praia, aonde regressou na quarta-feira, da Islândia, com o Boeing-757 "Baía de Tarrafal", que aterrou no aeroporto internacional da capital cabo-verdiana mais de um ano depois de ter sido colocado em situação de armazenamento no exterior, Erlendur Svavarsson explicou que o apoio do Estado de Cabo Verde -- que detém uma participação de 39% na companhia -- tem sido apenas na forma de avales a empréstimos bancários.

"Na verdade [o Estado de Cabo Verde] não injetou qualquer verba, contrariamente aos nossos concorrentes da SATA e da TAP, que continuam a receber contribuições do Estado [português]. O Governo de Cabo Verde tem sido muito diligente com os recursos públicos e não deu qualquer dinheiro à CVA até ao momento. Apenas garantias, o que quer dizer que a companhia está a ter acesso a empréstimos, que agora representam fundos suficientes para dar o próximo passo no processo de refinanciamento da companhia", sublinhou Erlendur Svavarsson.

As companhias aéreas SATA e TAP são as únicas que mantêm ligações regulares das ilhas cabo-verdianas de São Vicente, Sal e Santiago à Europa e aos Estados Unidos, mas ambas estão sob intervenção do Estado português, devido às consequências da pandemia de covid-19.

"A situação financeira da CVA é especialmente boa porque, apesar da pandemia, conseguimos refinanciar a companhia, ganhámos acesso a liquidez, com o apoio do Governo", afirmou, referindo-se aos sucessivos avales do Estado - avalizando empréstimos de cerca de 20 milhões de euros desde novembro - para reestruturação de créditos anteriores e pagamentos de salários a trabalhadores.

Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

Para Erlendur Svavarsson, a regresso do primeiro avião da companhia a Cabo Verde marca a retoma das operações, embora o reinício dos voos, suspensos desde março de 2020, devido à pandemia, ainda não tenha data.

Contudo, o presidente da companhia sublinha que ao longo do último ano foi possível manter os mais de 300 trabalhadores, embora em regime de 'lay-off', através do modelo simplificado criado pelo Governo para apoiar as empresas cabo-verdianas afetadas pela pandemia, além de não terem sido renovados contratos a prazo.

"Agora vamos ter de esperar para ver como é que o setor do turismo vai recuperar e retomar as operações para determinar o nível de trabalhadores que vão continuar (...) Mas devo dizer que fizemos um trabalho especialmente positivo ao manter as responsabilidades sociais para com os trabalhadores e quero agradecer-lhes porque, por vezes, foram muito pacientes connosco. Por vezes os salários foram pagos com atraso, o que é algo terrível e peço-lhes desculpa por isso e tenho a certeza que com uma equipa como esta a CVA não vai falhar", reconheceu.

"Atualmente, os salários estão em dia e isso é notícia positiva para todos", afirmou ainda.

Apesar das dificuldades que o grupo Icelandair também enfrenta na Europa, à semelhança das restantes companhias, devido ao impacto da covid-19 no turismo, Erlendur Svavarsson afirmou que a aposta na CVA e no 'hub' que tinha sido instalado na ilha do Sal -- servindo de base para os voos de e para África, Europa, América do Norte e América do Sul - é para manter.

"Absolutamente. Foi um investimento estratégico que foi feito pela Loftleidir Cabo Verde e pelos seus acionistas, e a crença continua muito forte neste modelo de negócio de ligar quatro continentes. A crença continua muito forte em Cabo Verde como destino de turismo e quando consideramos a cultura, as pessoas, o ambiente da 'morabeza' e tudo o que Cabo Verde tem para oferecer, acredito que temos uma posição muito forte", concluiu.

O Governo cabo-verdiano anunciou no final de fevereiro um acordo com a administração da companhia para a retoma das operações, prevendo a renegociação com credores, o que envolve também o grupo Icelandair, que fornece (através da Loftleidir) as aeronaves da companhia.

Na sequência deste entendimento, o Governo cabo-verdiano autorizou em 06 de março o quinto aval do Estado a um pedido de empréstimo de emergência da administração da CVA, de 12 milhões de euros. Com este aval, os financiamentos pedidos pela companhia desde novembro, com garantia do Estado, elevam-se a quase 20 milhões de euros, segundo cálculos da Lusa.

O novo acordo com o Governo cabo-verdiano prevê a redução de três para duas aeronaves e a retoma a curto prazo dos voos para Portugal e EUA, para servir a comunidade cabo-verdiana. Em contrapartida, o Estado reforça a posição no conselho de administração, passando a ter poder real de decisão.

Leia Também: Estado não injetou dinheiro na Cabo Verde Airlines desde a privatização

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