Meteorologia

  • 19 ABRIL 2024
Tempo
15º
MIN 14º MÁX 21º

ONG nas Canárias reconhecem que situação está mais calma

As organizações não-governamentais que apoiam os migrantes que chegam às Ilhas Canárias reconhecem que a situação está "mais calma", apesar de continuar "complicada".

ONG nas Canárias reconhecem que situação está mais calma
Notícias ao Minuto

08:19 - 27/03/21 por Lusa

Mundo Migrações

As pessoas procuram ajuda para tentar sair de um "impasse" que as pode levar à "frustração", consideram as ONG.

"É o Governo espanhol que tem de decidir se facilita o trânsito" dos migrantes para o território continental europeu ou se os devolve aos seus países de origem, disse à agência Lusa Juan Carlos Lorenzo, da CEAR (Comissão Espanhola de Ajuda ao Refugiado).

Para esta organização que apoia os migrantes, Madrid devia permitir que estes possam chegar ao continente, onde podem ser mais apoiados e encontrar uma solução e "oportunidades" para refazerem as suas vidas.

"A imobilidade das pessoas leva à frustração", havendo cada vez mais pessoas fora dos campos de migrantes, "na rua", em situação vulnerável que leva, por vezes, a situações de tensão com a população espanhola, explica Lorenzo.

Espanha tem criticado os seus parceiros europeus por estes não partilharem responsabilidades em matéria de migração, enquanto a nível interno Madrid tem sido criticado por migrantes, funcionários locais e grupos de direitos humanos nas Ilhas Canárias, onde milhares de pessoas que fizeram travessias marítimas perigosas a partir de África dizem estar presas em campos inadequados.

Mais de 23.000 pessoas chegaram vindos de Marrocos e da África Ocidental ao arquipélago no ano passado, enquanto as autoridades europeias conseguiam conter a pressão em rotas anteriormente populares no Mediterrâneo, nomeadamente na Grécia e Itália.

O diretor para a Inclusão Social da Cruz Vermelha espanhola, José Javier Sánchez Espinosa, também considera, em declarações à Lusa, que a situação "agora está mais calma" nas Canárias, depois do grande aumento das chegadas em 2020 e ainda "longe da situação de acampamentos superlotados da Grécia e Itália".

Madrid tem procurado impedir o que pensa serem migrantes económicos, principalmente de Marrocos e do Senegal, de continuarem as suas viagens das ilhas Canárias para o continente europeu, impedindo-os de embarcar em aviões e barcos, ao mesmo tempo que autoriza a que apenas façam a viagem potenciais requerentes de asilo, assim como os migrantes mais vulneráveis.

Quando os poucos lugares dos centros de acolhimento existentes nas ilhas se encheram em 2020, o Governo colocou até 8.000 pessoas em hotéis turísticos deixados vazios pela pandemia de covid-19 e construiu seis grandes campos temporários para alojar 6.300 pessoas.

O maior destes em Tenerife é Las Raíces, localizado em San Cristobal de La Laguna, no sopé de uma montanha nessa ilha vulcânica, que foi construído com fundos da União Europeia, podendo albergar até 2.400 migrantes nas suas tendas brancas.

"Ainda temos capacidade para receber migrantes nas ilhas, mas tudo vai depender do que acontecer nas próximas semanas. Com a chegada do bom tempo, afirmou Sánchez Espinosa.

O ministro espanhol da Inclusão, Segurança Social e Migrações, José Luis Escrivá, salientou há pouco mais de uma semana no parlamento que o executivo estava empenhado em que as condições de acolhimento dos imigrantes fossem "as melhores possíveis" e defendeu que os novos campos instalados nas Ilhas Canárias tenham "os melhores padrões".

Vários senadores da câmara baixa da assembleia (Senado) tinham criticado o Governo espanhol pela sua falta de autocrítica na gestão "desastrosa" da crise migratória nas Ilhas Canárias referindo-se, nomeadamente, às "condições indignas" do campo instalado no quartel de Las Raíces.

Excesso de lotação nas tendas, alimentação em más condições, falta de medidas de segurança ou falta de vestuário e calçado adequados foram alguns dos exemplos citados pelos senadores.

Relativamente ao 'Plano Canárias' lançado pelos serviços de migração para enfrentar a crise no arquipélago, o ministro garantiu que no final do corrente mês cerca de 1.800 imigrantes que permanecem alojados em hotéis no arquipélago seriam transferidos para campos, e os estabelecimentos hoteleiros "ficarão livres".

Na altura em que estas declarações foram feitas tinha sido lançada a construção do último dos seis centros para os migrantes nas ilhas.

Na primeira quinzena de março chegaram às costas canárias 239 imigrantes em pequenas embarcações, o que representa um aumento de 119% em relação à última quinzena de fevereiro, quando 109 pessoas chegaram às ilhas, de acordo com dados do Ministério do Interior (Administração Interna) espanhol.

Isto significa uma alteração da tendência decrescente verificada nas duas quinzenas de fevereiro, em que 155 e 109 imigrantes chegaram irregularmente ao arquipélago, respetivamente, embora o número de chegadas se mantenha longe dos mais de mil que foram registados em cada quinzena de janeiro.

O balanço da imigração irregular indica que o número acumulado de migrantes que chegaram irregularmente às Ilhas Canárias este ano ascende a 2.580 pessoas, mais do dobro das 1.219 que chegaram de 01 de janeiro a 15 de março de 2020.

Leia Também: Três migrantes morreram em naufrágio ao largo das ilhas Canárias

Recomendados para si

;
Campo obrigatório