Bispos franceses decidem pagamento a vítimas de abusos sexuais
A igreja católica francesa anunciou hoje um apoio financeiro aos menores vítimas de abusos sexuais cometidos por membros do clero desde 1950, solicitando donativos dos fiéis para um fundo criado para o efeito, anunciou hoje a Conferência Episcopal.
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"A Igreja quer assumir a sua responsabilidade perante a sociedade, pedindo perdão pelos seus crimes e falhas", anunciaram os bispos franceses em conferência de imprensa, explicando que essa "contribuição económica" será financiada por um "fundo" determinado por um "organismo independente que se encarregará de examinar as solicitações" e que será constituído por contribuições voluntárias.
Este fundo recolherá donativos específicos para este fim, "para que todos os batizados expressem a sua fraternidade e solidariedade para com as vítimas na Igreja Católica".
"Nós, os bispos, iremos contribuir primeiro, a título pessoal. Apelamos a todos os que o desejem, que contribuam também", explica a conferência episcopal francesa.
Esta contribuição financeira da igreja às vítimas terá um montante fixo, considerando o presidente da Conferencia Episcopal, Eric de Moulins-Beaufort, que "não se trata de uma compensação ou reparação ".
Eric de Moulins-Beaufort falava em conferência de imprensa no final da Assembleia Plenária de cerca de 120 bispos que votaram 11 resoluções, entre as quais várias a favor da luta contra o crime infantil.
O episcopado francês destacou que é "a primeira vez" que os bispos "falam juntos" sobre o abuso sexual dentro da Igreja gaulesa, envolvida nos últimos anos em vários processos que implicaram padres acusados de pedofilia.
Os bispos também aceitaram o princípio de um "dia de oração" a cada ano em memória das vítimas, escolhido pelo Vaticano, que aconteceria na "terceira sexta-feira da Quaresma" e continuar seu trabalho "a fim de estabelecer, se possível, em Lourdes (sudoeste) (...), a instalação de um lugar de memória".
Na Assembleia Plenária os bispos decidiram ainda criar uma "equipa nacional de ouvintes" ou mesmo criar um "tribunal penal canónico nacional interdiocesano (para o direito da Igreja)".
A França viveu nos últimos cinco anos casos polémicos de pedofilia que afetaram até o ex-arcebispo de Lyon, Philippe Barbarin, que foi condenado em primeira instância por esconder um padre e absolvido em janeiro passado em apelação.
Barbarin, um dos clérigos mais influentes da França e próximo do Papa Francisco, apresentou a sua renúncia ao pontífice em março de 2020, que foi aceite.
A polémica em torno da Igreja Católica até inspirou um filme do cineasta francês François Ozon, 'Gracias a Dios' (2019), no qual ele retrata o sofrimento das vítimas anos após terem sofrido abusos.
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