A morte da britânica Sarah Everard, raptada quando ia a caminho de casa, na semana passada, relançou a discussão da violência sobre as mulheres, tendo-se sucedido desde então várias vigílias e protestos no Reino Unido, também para chamar a atenção para um problema que é sistémico e que não conhece fronteiras.
No contexto desta discussão, tornou-se viral um vídeo feito há cerca de um mês, na rede social Tik Tok, por endereçar uma questão que se tornou numa tendência no Twitter - "Not All Men" ("Nem todos os homens"), ou seja, a contestação de estatísticas e de argumentos sobre violência machista.
Evelyn Koh, a autora do vídeo, tem dois mestrados sobre violência de género feitos em Harvard, e desconstruiu o conceito de forma sucinta, conseguindo milhões de visualizações naquela plataforma (e fora dela). Koh explica que utilizar este tipo de contra-argumento não ajuda ninguém, assentando na separação de "homens maus" de "homens bons" apenas em função do ego individual.
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"Em primeiro lugar, isto é um comportamento de chamada de atenção masculino. 'Oh, eu sei que há por aí homens que são abusivos, mas eu não sou um deles. Eu sou um dos bons'. Isso é uma ilusão total. Num sistema patriarcal, toda a gente tem sexismo e misoginia internalizados, assim como formas opressivas de tratar as mulheres. É por isso que todos precisamos de desaprender formas patriarcais de comportamento", disse.
"Em segundo lugar, é a necessidade de controlar a voz da mulher. Reparem como se faz o policiamento do tom das mulheres com muito mais afinco do que se mostra repúdio àqueles homens que estão a abusar, assediar ou violar mulheres. E que dão ao resto dos homens má publicidade", acrescentou.
"Em terceiro lugar, é o complexo de superioridade masculino. Está relacionado com o comportamento de chamada de atenção. 'Oh, eu percebo que há homens horríveis por aí, que abusam, violam, assediam e oprimem, mas eu não sou um deles. Se dependeres de mim para te proteger da violência masculina, ficas bem'. Isto incute nas mulheres medo de independência. Que a verdadeira solução para a violência masculina é um outro homem. Isso não é verdade", terminou.
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