Dezenas de detenções na Rússia durante fórum político da oposição
A polícia russa interrompeu hoje um fórum em Moscovo no qual participavam vários grupos da oposição e prendeu todos os participantes, incluindo figuras políticas, segundo a organização do encontro, os Democratas Unidos.
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Mundo Rússia
"É assim que todos os participantes do Fórum dos Deputados Independentes estão a ser detidos", disse a organização, através de um vídeo publicado na rede social Telegram, onde se vêem-se opositores ao Governo russo serem levados em autocarros da polícia.
Cerca de 150 pessoas provenientes de toda a Rússia estavam presentes no fórum, realizado num hotel, para discutirem as eleições regionais e locais marcadas para setembro.
"Quarenta minutos após o início do fórum, a polícia invadiu a sala. Todos os deputados foram presos e levados para esquadras de polícia", disse na rede social Facebook o político da oposição Ilya Yashin, acompanhando a publicação com uma fotografia sua numa carrinha da polícia.
Imagens publicadas pelos órgãos de comunicação russos mostraram dezenas de carrinhas da polícia estacionadas em frente ao hotel, enquanto num vídeo divulgado pelo deputado distrital de Moscovo, Sergei Vlasov, um agente da polícia, disse que o "evento é indesejável".
O antigo presidente da câmara de Yekaterinburg, Yevgeny Roizman, e Vladimir Kara-Murza, da oposição, estão entre os detidos, assim como vários jornalistas que faziam a cobertura do fórum.
"A polícia disse que o evento foi organizado por uma organização indesejável", transmitiu à agência Interfax a organização da oposição russa Open Russia.
Os Democratas Unidos, entidade responsável pelo fórum é, como a Open Russia, um projeto do oligarca exilado Mikhail Khodorkovsky.
"A razão para o cancelamento do fórum é clara: as autoridades têm medo de qualquer concorrência nas eleições e intimidam os seus adversários", reagiu, no Telegram, a equipa do principal opositor, Alexei Navalny, atualmente preso.
Uma lei promulgada em 2015 pelo Presidente, Vladimir Putin, permite que organizações estrangeiras ativas na Rússia sejam designadas como "indesejáveis" e possam ser proibidas, quer sejam organizações não-governamentais, fundações ou empresas.
Na sexta-feira, mais de 40 países criticaram a Rússia, perante o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, pelo tratamento infligido ao principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, e aos seus apoiantes.
Numa declaração conjunta sem precedentes contra o país, os signatários denunciaram "a deterioração da situação dos direitos humanos e das liberdades fundamentais" na Rússia, que consideraram ser ilustrada pela "detenção e prisão ilegal de Alexei Navalny".
Os países signatários pediram a "libertação imediata e incondicional" do opositor do regime do Presidente russo, Vladimir Putin, bem como a de "todos os detidos ilegal e arbitrariamente".
Alexei Navalny, de 44 anos, regressou à Rússia, em janeiro, após uma convalescença na Alemanha para recuperar de um envenenamento pelo qual responsabiliza Vladimir Putin e os seus serviços de inteligência.
Navalny foi detido ao chegar a Moscovo e enfrenta uma pena de prisão de 18 meses, por violação de liberdade condicional, ao fim de quase uma década de desentendimentos com as autoridades russas.
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