Myanmar: Austrália suspende cooperação militar
A Austrália anunciou a suspensão da cooperação militar com Myanmar, em resposta ao golpe de Estado de 01 de fevereiro e à repressão dos protestos que causou mais de 50 mortos.
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Mundo Golpe
O Governo australiano apelou ainda à libertação da líder deposta, Aung San Suu Kyi, e do seu conselheiro australiano.
A ministra australiana dos Negócios Estrangeiros, Marise Payne, afirmou em comunicado, no domingo, que a cooperação militar com Myanmar era "limitada" e abrangia "áreas que não são de combate, como a formação em língua inglesa".
A ministra informou também que o programa de desenvolvimento australiano será canalizado para as organizações não-governamentais (ONG), excluindo as agências governamentais, para dar prioridade à entrega de ajuda humanitária às pessoas mais vulneráveis, incluindo os mais pobres e a minoria étnica dos rohingya.
Payne disse também que o Governo cambojano irá rever o seu regime de sanções contra Myanmar, que já inclui um embargo à venda de armas e sanções contra a junta militar que tomou o poder.
A ministra insistiu na "libertação imediata" de Suu Kyi, que foi detida pelos militares no início de fevereiro, bem como do seu conselheiro para os assuntos económicos, o australiano Sean Turnell.
"O professor australiano Sean Turnell [diretor do Instituto de Desenvolvimento de Myanmar desde 2017] foi detido com acesso consular limitado durante mais de 30 dias", especificou o ministro, condenando o uso de violência letal contra civis.
Pelo menos 54 pessoas morreram desde a revolta militar, a maioria baleada pelas forças de segurança, afirmou a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos (AAPP) na Birmânia.
Dezenas de milhares de birmaneses adeririram hoje ao apelo para uma greve geral em todo o país, em resposta ao golpe, e continuam as manifestações pacíficas que começaram em Myanmar após a revolta.
Os militares detiveram pelo menos 1.790 pessoas, incluindo 318 já libertadas, de acordo com os números da AAPP, e estão a tentar intimidar a população com ataques noturnos em Rangum, incluindo detenções arbitrárias e espancamento de civis.
A junta militar defendeu a ação das autoridades e a polícia assegurou que "as forças de segurança atuam contra os distúrbios de acordo com a lei" e tentam "minimizar os ferimentos", noticiou o jornal pró-governamental The Global New Light of Myanmar.
O exército justificou a tomada do poder com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro, em que os observadores internacionais não detetaram qualquer manipulação e em que a Liga Nacional para a Democracia, o partido liderado por Suu Kyi, venceu com ampla vantagem, tal como já tinha sucedido em 2015.
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