"O grupo de peritos recebeu informações de que os indivíduos constantes da lista de sanções impostas pela resolução 2374 continuaram a viajar durante o período em análise, em violação da proibição de viajar", afirmam, num relatório divulgado hoje e citado pela agência France-Presse.
Os peritos referem-se em particular a uma viagem à Mauritânia em outubro por Mohamed Ould Mataly, que se encontra entre as pessoas sancionadas pela Organização das Nações Unidas, e indicam terem recordado às autoridades mauritanas que são obrigadas a solicitar uma exceção antes de aceitarem tais pessoas no seu território.
Os peritos também disseram lamentar os obstáculos que a ONU colocou ao seu trabalho: desde a sua nomeação, em outubro de 2020, dizem não ter podido viajar para o Mali ou para qualquer outro lugar.
Em particular, dizem não ter podido visitar várias capitais europeias "devido à nomeação tardia pelo secretário-geral da ONU", o português António Guterres.
Além disso, apontam que a missão de paz das Nações Unidas no Mali (Minusma) "recusou-se" a permitir aos peritos reduzir de 14 para sete dias a quarentena auto-imposta no Mali ou a conceder-lhes uma isenção.
Entre outubro e dezembro, a sua viagem ao Mali teve de ser adiada três vezes, e acabou por ser cancelada no último minuto, menciona ainda o documento.
A instabilidade que afeta o Mali começou com o golpe de Estado em 2012, quando vários grupos rebeldes e organizações fundamentalistas tomaram o poder do norte do país durante 10 meses.
Independente desde 1960, o Mali viveu, em 18 de agosto do ano passado, o quarto golpe militar na sua história, depois dos episódios ocorridos em 1968, 1991 e em 2012, na sequência do qual foi destituído da Presidência Ibrahim Boubacar Keita.
Portugal tem atualmente dois militares empenhados na Minusma e outros 17 militares no âmbito de uma missão da União Europeia (EUTM).