ONU denuncia 76 massacres com 292 mortos na Colômbia em 2020
Em 2020 ocorreram 76 massacres na Colômbia onde foram assassinadas 292 pessoas incluindo 24 crianças, revelou hoje o gabinete do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) no seu relatório anual.
© Reuters
Mundo Colômbia
"Desde 2018 que o número de massacres tem aumentado constantemente, sendo 2020 o ano com o registo mais elevado desde 2014", disse Juliette Rivero, representante do ACNUDH na Colômbia, durante uma conferência de imprensa virtual.
Este gabinete, presidido pela ex-Presidente do Chile Michelle Bachelet, documentou 76 massacres e está a investigar outros cinco, com um balanço até ao momento de 292 pessoas assassinadas e em que se incluem 23 mulheres, seis raparigas, 18 rapazes, sete indígenas e dez afrodescendentes.
O incremento da violência registou-se sobretudo nas regiões onde habitam populações afrodescendentes, indígenas e camponeses, indicou a representante.
"A violência afeta os projetos de vida destas populações e a proteção dos seus direitos culturais, espirituais e territoriais, entre outros", sublinhou Rivero.
Nesta vaga de violências, em particular as registadas em Antioquia (noroeste), Choco (noroeste) e Nariño (sudoeste), mais de 25.000 abandonaram as suas regiões e outras 74.312 ficaram confinadas devido às restrições impostas por grupos armados e organizações criminosas.
Um total de 73 ex-membros das extintas guerrilhas das FARC, que firmaram em 2016 um acordo de paz com Bogotá, foram assassinados durante 2020, num total de 248 antigos guerrilheiros mortos desde a assinatura dos documentos.
O gabinete da Alta-Comissária também recebeu a informação de 795 ameaças e agressões a defensores dos direitos humanos, com 44% ocorridas em zonas rurais e 14% na capital Bogotá.
Em 2020 a ONU foi informada sobre 133 casos de homicídios de defensores dos direitos humanos, tendo confirmado 90 e estando a investigar 25, números superiores aos divulgados na segunda-feira pelo Governo colombiano, onde se referiam 66 assassinatos.
"Este número é representativo dos casos conhecidos pelo gabinete, mas constituem apenas uma mostra do total de assassinatos ocorridos e não dão conta do universo completo", disse Rivera.
No entanto, estas mortes, que aumentaram exponencialmente nos últimos anos, são mais baixas que as indicadas por organizações sociais, como a Somos Defensores, que registou 159 vítimas em 2020, ou a Procuradoria do Povo, que se referiu a182 homicídios em 2020.
"A Alta-Comissária afirma no seu relatório que os assassinatos de pessoas defensoras dos direitos humanos ocorrem onde a presença do Estado é insuficiente", alegou a representante do gabinete.
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