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PR insta África do Sul a abandonar "práticas racistas" pela igualdade

O Presidente da República da África do Sul instou hoje os sul-africanos a abandonar o que considerou ser "práticas racistas" do passado e a aceitar uma sociedade inclusiva na base da igualdade social e económica.

PR insta África do Sul a abandonar "práticas racistas" pela igualdade
Notícias ao Minuto

19:40 - 12/11/20 por Lusa

Mundo África do Sul

"Quando subscrevemos e adotámos a nossa Constituição, comprometemos irrevogavelmente todos nós, sul-africanos, a deixar de usar práticas racistas e a aceitar um país que se baseia no respeito pelos direitos de todos os nossos povos, principalmente, na igualdade", disse Cyril Ramaphosa.

Em resposta a uma pergunta do líder da oposição recém-eleito do Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), John Steenhuisen, o chefe de Estado "desafiou" o deputado a "estudar cuidadosamente" o artigo da Constituição referente ao princípio da igualdade, salientando que "não existia no passado onde uma raça era preferida sobre outra".

"Onde aquela raça que era privilegiada sobre outra continuou a colher os benefícios dos privilégios que lhes foram oferecidos e dados pelo regime opressor do 'apartheid' onde a desigualdade era suprema", adiantou o Presidente.

O líder do maior partido da oposição considerou na sua interpelação ao chefe de Estado no parlamento que a recente onda de violência racial na vila rural de Senekal, centro do país, onde um jovem agricultor branco de 22 anos foi brutalmente assassinado, "é uma consequência direta" das políticas do Governo do ANC nos últimos 26 anos, que "continuou a manter os sul-africanos segregados com base na sua raça".

"Por um lado diz que devemos ver-nos uns aos outros como sul-africanos primeiro e ainda assim impomos cotas raciais em todas as esferas da sociedade, julgamos as pessoas com base na raça quando se candidatam a empregos no setor público e os multimilionários BEE [Black Economic Empowerment] usam a raça como meio para roubar e marginalizar 30 milhões de pessoas que vivem na pobreza neste país e que mais precisam de empoderamento", afirmou John Steenhuisen.

E argumentou: "Em Senekal vimos o que acontece quando o Governo mantém as pessoas separadas".

Cyril Ramaphosa, que também preside ao Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), no poder desde 1994, respondeu que a Constituição pós-'apartheid' salvaguarda precisamente "o próprio ato de tirar [da pobreza] todos aqueles que no passado não tiveram o tipo de privilégios que os outros tiveram".

"O nosso Governo não é um governo racista, o nosso Governo procura promover os direitos e interesses de todos, procura promover os direitos das mulheres que ao longo dos anos foram as mais oprimidas, e assim, se tomarmos medidas para promover os interesses das mulheres, não estamos a ser discriminatórios contra os outros. Estamos a tomar medidas para que elas também alcancem um nível de igualdade", declarou.

Ramaphosa, que substituiu no cargo Jacob Zuma em 2018 por ter sido pressionado a afastar-se pelo ANC antes de terminar o mandato depois de múltiplos escândalos relacionados com corrupção, considerou que a política de redistribuição do partido no poder, mais conhecida por Empoderamento Económico Negro (BEE, na sigla em inglês), "é uma política de empoderamento e deve ser adotada e aplaudida por todos".

"Se tomarmos medidas para promover o Empoderamento Económico Negro é errado para aqueles que pensam que é uma política racista", salientou Ramaphosa.

"Se alguém está bem no topo do prédio e é colocada uma escada na parte inferior e os que estão em baixo não conseguem subir, não devemos empurrar a escada para longe, devemos segurar na escada com firmeza para que quem não está onde estamos possa subir e estarmos todos no mesmo nível", declarou.

O chefe de Estado disse estar "chocado com aqueles que gozaram dos privilégios do regime passado e que ficam muito zangados quando aqueles que nunca desfrutaram desses privilégios são ajudados [pelo Estado]".

A corrupção generalizada e sem precedentes na África do Sul sob a governação do Congresso Nacional Africano levou o Presidente Cyril Ramaphosa a escrever uma carta pública aos membros do seu partido, no final de agosto, na qual admitia que "o ANC não é o único culpado desse mal, mas é o acusado número um".

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