72 países unidos contra sanções dos EUA a Tribunal Penal Internacional
Mais de 70 países denunciaram hoje, numa declaração conjunta à ONU, as recentes sanções americanas contra dois membros do Tribunal Penal Internacional (TPI), criticando a ideia de punir quem procura a justiça.
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Mundo Justiça
"Reafirmamos o nosso apoio inabalável ao Tribunal como uma instituição judicial independente e imparcial", sublinharam 72 estados do Estatuto de Roma, o tratado que criou o TPI.
A posição conjunta hoje tornada pública partiu de uma iniciativa da Alemanha, mas contou com países de todos os continentes, incluindo alguns dos tradicionais aliados dos Estados Unidos, como a Austrália, o Canada, o Reino Unido ou a França.
Em causa está a decisão da administração de Donald Trump, que em setembro avançou com sanções económicas a Fatou Bensouda, procuradora-geral do TPI, e a Phakiso Mochochoko, diretor da divisão de competência, complementaridade e cooperação do TPI.
A resolução norte-americana surge seis meses depois de o Tribunal ter autorizado a abertura de uma investigação por crimes de guerra e crimes contra a humanidade no Afeganistão, incluindo abusos atribuídos a soldados Americanos e a CIA (Agência Central de Inteligência).
"As sanções são um instrumento contra os responsáveis ??pelos crimes mais graves, e não contra os que procuram a justiça", sublinharam os subscritores da declaração lida hoje na Assembleia Geral da ONU e citada pela agência de notícias francesa France Presse.
Os 72 países censuraram "qualquer tentativa de minar a independência do Tribunal", que foi criado em 2002 para julgar as piores atrocidades do mundo.
A posição conjunta serviu também para defender o desejo de "preservar a integridade e independência do TPI sem serem desencorajados por medidas ou ameaçadas contra o Tribunal, os seus funcionários e aqueles que com ele cooperam".
Antes da Assembleia Geral, o embaixador adjunto dos EUA, Richard Mills, reafirmou a "objeção de princípio" do seu país "a qualquer tentativa de fazer valer a jurisdição do TPI sobre cidadãos" que não fazem parte do Estatuto de Roma.
Richard Mills lembrou que nessa lista de países que estão de fora inclui-se "os Estados Unidos".
O representante norte-americano acrescentou ainda que o seu Governo tem como objetivo "proteger o pessoal americano de processos judiciais injustos e ilegítimos do TPI, que ameaçam a soberania dos Estados Unidos".
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