Polacas voltam a protestar nas ruas contra mais restrições ao aborto
As mulheres voltaram hoje a sair à rua em toda a Polónia, no dia previsto para a sua greve nacional, contra uma decisão da justiça que impôs uma proibição quase total da interrupção voluntária da gravidez (IVG).
© Getty Images
Mundo protesto
Apesar das restrições ligadas à pandemia do novo coronavírus, há sete dias que se realizam manifestações nas grandes cidades, mas também num grande número de pequenas cidades tradicionalmente conservadoras, segundo imagens dos media.
Em Varsóvia, os manifestantes concentraram-se diante da sede de uma organização de juristas ultra-católicos, a Ordo Iuris, na origem de várias iniciativas pela proibição total da IVG, antes de se dirigirem para as instalações da televisão pública TVP, considerada o principal órgão de propaganda do poder conservador.
Na semana passada, o Tribunal Constitucional, reformado pelo Partido Lei e Justiça (PiS, no poder) e dando resposta a uma queixa sua, interditou a IVG em caso de má formação grave do feto, considerando-a "incompatível" com a Constituição.
O direito à IVG ficou limitado na Polónia aos casos de risco de morte da mulher e gravidez resultante de violação ou incesto.
Após a decisão, alguns manifestantes pintaram o 'slogan' "O inferno das mulheres" em igrejas e perturbaram missas no país de maioria católica.
Na terça-feira, o presidente do PiS, Jaroslaw Kaczynski, criticou "tentativas de destruir" o país e apelou aos seus apoiantes para "defenderem as igrejas" dos manifestantes pelo aborto, enquanto o primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, pediu o fim da "barbárie" das manifestações de cólera contra a decisão.
Segundo uma sondagem divulgada hoje pelo portal Onet.pl, 66% dos polacos desaprova o acórdão do Tribunal Constitucional e 69% destes querem um referendo sobre o direito ao aborto.
Ocorrem menos de 2.000 abortos legais anualmente na Polónia e a grande maioria deve-se a má formação do feto.
Para sexta-feira está prevista mais uma grande manifestação na capital polaca.
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