Mali: Novo presidente Bah Ndaw "goza do apoio quase universal"

O atual presidente de transição maliano, Bah Ndaw, "goza do apoio quase universal no Mali e temos que ter isso em consideração", reconheceu o enviado especial dos Estados Unidos da América (EUA) à região do Sahel, J. Peter Pham.

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© MICHELE CATTANI/AFP via Getty Images

Lusa
07/10/2020 20:14 ‧ 07/10/2020 por Lusa

Mundo

Bah Ndaw

"Falei com muitos interlocutores no Mali - líderes religiosos, parceiros diplomáticos, organizações não-governamentais, sociedade civil, líderes tradicionais - e a impressão com que fiquei foi uma vasta maior parte da sociedade maliana apoia fortemente as reformas e a [atual] autoridade presidencial enquanto veículo para essas reformas", afirmou hoje J. Peter Pham.

O diplomata norte-americano falava numa entrevista telefónica conjunta com órgãos de comunicação social de vários países, incluindo a agência Lusa.

"Penso que eles têm que começar a responder rapidamente às elevadas expectativas que criaram e também acho que a janela de que dispõem para isso é muito estreita, mas, para já, o Presidente Bah Ndaw goza do apoio quase universal no Mali e temos que ter isso em consideração", reconheceu o responsável, que esteve em Bamako na semana passada.

Os EUA "registam" a nomeação de 25 ministros e "congratulam-se com a formação do Governo de transição", que consideram ser "um passo no sentido do restabelecimento da ordem constitucional".

"Conhecemos algumas das pessoas nomeadas, registamos com agrado que sejam provenientes de diferentes regiões e representem diversos interesses. Achamos que é um passo muito positivo", acrescentou Peter Pham.

Não obstante, o enviado de Washington à região do Sahel fez questão de deixar claro que o Governo de transição maliano "tem que se comprometer a fazer escolhas difíceis relacionadas com a corrupção, boa governação, transparência, e igualdade de tratamento", inerentes a um Estado de direito.

"No meu encontro com representantes do Governo de transição sublinhei a necessidade [do novo poder] se focar prioritariamente em garantir as condições para a realização de eleições, mas também de proteger a população, assim como de levar a cabo algumas reformas prioritárias essenciais em áreas como as do processo eleitoral, anticorrupção, proteção dos direitos humanos e implementação do Acordo de Paz e Reconciliação no Mali", assinado em Argel em 2015, revelou.

"Os Estados Unidos continuam a entender os princípios inscritos no Acordo de Argel como a melhor via para resolver os conflitos no Mali", reforçou.

O diplomata insistiu ainda no apelo de Washington ao Governo de transição para que "leve a cabo investigações credíveis e transparentes à alegação de execuções extrajudiciais de pessoas detidas pelas forças de segurança do Mali".

"Enfatizei junto das novas autoridades malianas que não queremos apenas palavras. Estamos à espera de uma investigação credível e processos judiciais com a responsabilização de todos aqueles que forem condenados pela violação de direitos humanos", frisou.

"A violação dos direitos humanos não é apenas condenável do ponto de vista moral, mas também estratégico, sob o ponto de vista da boa governação e legitimidade", vincou.

Ainda no domínio dos direitos humanos, o diplomata norte-americano sublinhou que Washington "continua a pressionar" no sentido da "liberação de antigos responsáveis políticos e outros detidos".

"Se forem suspeitos de qualquer crime devem ser acusados através de procedimentos regulares, se não, devem ser libertados e poder juntar-se às suas famílias", advogou J. Peter Pham.

Questionado sobre se Washington está em condições de repor a ajuda militar ao Governo maliano, interrompida com o golpe de Estado militar que depôs o Presidente Ibrahim Boubacar Keita, o enviado especial dos EUA esclareceu que "a assistência [norte-americana] no domínio da segurança às autoridades no Mali manter-se-á suspensa", até que seja reposta a ordem constitucional, ou seja, até tomar posse um novo poder eleito, no prazo máximo de 18 meses.

Portugal tem no Mali 74 militares integrados em missões da Organização das Nações Unidas (ONU) e da União Europeia.

Independente desde 1960, o Mali viveu, em 18 de agosto, o quarto golpe militar na sua história, depois dos episódios ocorridos em 1968, 1991 e em 2012.

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