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Conservadores e sociais-democratas disputam poder no domingo na Croácia

As legislativas de domingo na Croácia perspetivam uma acesa disputa entre os conservadores no poder e uma coligação dirigida pelos sociais-democratas, as duas forças políticas que se têm revezado no governo desde a turbulenta independência da ex-república jugoslava.

Conservadores e sociais-democratas disputam poder no domingo na Croácia
Notícias ao Minuto

09:14 - 03/07/20 por Lusa

Mundo Croácia

Com a aproximação do escrutínio, as sondagens não forneceram uma tendência clara.

O Partido Social-Democrata (SDP) e a União Democrática Croata (HDZ) permaneceram lado a lado nas intenções de voto, numas legislativas que se anunciam como as mais disputadas entre os dois partidos que partilham o poder desde a independência da Croácia em 1991.

A HDZ, que regressou ao poder em 2016, espera beneficiar da gestão sanitária da pandemia e reafirmar a liderança do seu chefe, o primeiro-ministro cessante Andrej Plenkovic, enquanto o SDP se apoiou na vitória surpresa do seu candidato Zoran Milanovic na segunda volta das presidenciais em janeiro passado.

No entanto, a ultra-direita nacionalista do Bloco pela Croácia (HB), liderada pelo cantor populista Miroslav Skoro, líder do Movimento Patriótico (DPMS), pode assumir uma decisiva posição de charneira na formação do próximo executivo.

Os sociais-democratas lançaram-se cedo na campanha ao anunciarem em meados de maio a formação da Restart, a sua coligação de centro-esquerda que integra uma dezena de partidos.

Mas segundo diversos comentadores, ao seu jovem líder Davor Bernardic, um físico e economista de 40 anos que dirige o SDP desde 2016, falta a necessária experiência para assumir a chefia do executivo croata.

Apesar de a sua juventude, energia e formação académica inspirarem alguma confiança entre a população, a falta de carisma e a ausência de uma mensagem política clara reflete-se nos resultados que as sondagens concedem à sua coligação.

"Não vemos pessoas nos anúncios publicitários da coligação Restart. Os seus vídeos assemelham-se a publicidades da indústria alimentar. Suponho que não pretenderam que Bernardic figurasse e por fim decidiram que ninguém deveria aparecer", argumentou a analista Ankica Mamic citada pelo diário de Zagreb Vecernji List.

A coligação de centro-esquerda também tem sido criticada por ter optado por atacar Plenkovic sobre o seu auto-confinamento na reta final da campanha, em vez de se concentrar nos temas importantes e demonstrar competência para dirigir o país no período difícil que se avizinha a partir do outono.

O primeiro-ministro croata prosseguiu a sua campanha apesar do contacto mantido com sérvio Novak Djokovic e outros jogadores de ténis que testaram positivo à covid-19 após a sua participação no Adria Tour, um torneio que decorreu em junho em Belgrado, na Sérvia, e em Zadar, na Croácia.

O assunto dominante da campanha centrou-se assim na covid-19 e nas críticas ao torneio em Zadar, apesar de a Croácia, um país balcânico banhado pelo mar Adriático e com 4,5 milhões de habitantes, ter registado um número de infeções relativamente baixo.

Os 2.830 contágios e 108 mortos registados até quinta-feira são muito reduzidos em comparação com outros países, mas nos últimos dias de campanha registou-se um aumento do número de casos. E se até há alguma semanas a situação parecia favorecer o HDZ, agora a perceção da população pode mudar.

Em maio, quando parecia que a pandemia estava a ser debelada, a HDZ e Plenkovic, com a sua popularidade em alta devido à boa gestão da pandemia, decidiram antecipar as legislativas, que estavam previstas para depois do verão.

Outro possível motivo para antecipar as eleições terá sido o receio de que a crise económica motivada pela covid-19 se agrave no outono, uma situação que não beneficiaria o partido no poder.

Segundo estimativas da Comissão Europeia, a economia croata deverá contrair 9,1% em 2020, devido sobretudo à paralisia quase total do turismo.

Em simultâneo, o governo de Plenkovic foi assolado por diversos escândalos e suspeitas de corrupção, que provocaram a demissão de uma dezena de ministros nos últimos anos.

O índice de perceção de corrupção da ONG Transparência Internacional (TI) fornece a Croácia apenas 47 pontos em 100 possíveis, o nível mais baixo em cinco anos.

Mas a composição do próximo governo -- e apesar de as sondagens indicarem que o HDZ beneficia de ligeira vantagem face ao SDP --, deverá ser determinada pelo Movimento Patriótico de Miroslav Skoro (DPMS, direita radical nacionalista) e quando se prevê os dois principais partidos não vão garantir individualmente uma maioria no Sabor, o parlamento com 151 lugares.

O DPMS, creditado com mais de 10% das intenções de voto, deverá desempenhar a função de árbitro entre as duas formações tradicionais, mas as negociações prometem ser complicadas, com Miroslav Skoro muito vingativo após a sua rutura com o partido conservador.

As últimas sondagens indicam que o HDZ obterá 26,7% dos votos, o Restart 24,6% e o Bloco pela Croácia liderado por Skoro e que inclui duas pequenas formações, 11,1%.

Apenas mais um partido parece em condições de ultrapassar a barreira obrigatória dos 5% para entrar no parlamento, o Most (Ponte), uma formação religiosa-nacionalista que apoiou Miroslav Skoro nas últimas presidenciais e que poderá obter 6,8%.

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