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Detido durante manifestação líder da oposição na Etiópia

A polícia etíope deteve, na terça-feira, o líder da oposição, Jawar Mohammed, um crítico do primeiro-ministro Abiy Ahmed, o que poderá agravar as tensões políticas e étnicas que já causaram várias mortes, foi hoje anunciado.

Detido durante manifestação líder da oposição na Etiópia
Notícias ao Minuto

17:31 - 01/07/20 por Lusa

Mundo Etiópia

Pelo segundo dia consecutivo, Adis Abeba foi palco de manifestações desencadeadas pela morte de Hachalu Hundessa, um famoso cantor da etnia maioritária oromo, que foi morto a tiro, na capital etíope, na segunda-feira à noite.

Segundo testemunhos de fontes médicas e policiais, citadas pela agência France-Presse, pelo menos oito pessoas morreram em confrontos durante as manifestações, a maioria delas em Oromia, a região em redor da capital e o bastião dos oromos, o maior grupo étnico do país.

Fundador da Oromia Media Network (OMN), uma rede de meios de comunicação social da oposição sediada nos Estados Unidos da América, que transmite principalmente através da rede social Facebook, Jawar foi detido na terça-feira em Adis Abeba juntamente com 34 outras pessoas, disse o chefe da Polícia Federal, Endeshaw Tassew, através de um comunicado.

De acordo com a mesma nota, Jawar Mohammed foi detido na sequência de uma altercação com a polícia sobre o corpo de Hachalu.

"O corpo deveria ser levado para a sua cidade natal de Ambo para ser enterrado, mas Jawar e alguns dos seus apoiantes intercetaram-no e tentaram levá-lo de volta para Addis Abeba", disse Endeshaw.

"Houve um incidente entre as forças de segurança federais e outras, e no processo um membro da Polícia Especial de Oromia foi morto", acrescentou.

Segundo o chefe da polícia, "trinta e cinco pessoas, incluindo Jawar Mohammed, foram presas".

"As forças de segurança apreenderam oito armas Kalashnikov, cinco pistolas e nove transmissores de rádio do carro de Jawar Mohammed", referiu.

Jawar Mohammed, que aderiu ao Congresso Federalista Oromo (OFC) no início deste ano, ajudou a organizar os protestos antigovernamentais que levaram à chegada ao poder do primeiro-ministro Abiy, em 2018.

Mas, em 2019, surgiu como um dos principais críticos do chefe do Governo, apesar de ambos serem de etnia oromo.

Em outubro, Jawar tinha acusado o Governo de tentar atacá-lo, promovendo manifestações anti-Abiy que levaram a confrontos étnicos e à morte de 86 pessoas.

Foi feito um apelo a protestos em massa até à sua libertação, noticiou o seu órgão de comunicação social OMN, agravando os receios de que a sua detenção pudesse exacerbar ainda mais as tensões em Oromia.

Embora Abiy seja o primeiro chefe de Governo oromo na história moderna da Etiópia, muitos nacionalistas oromo acusam-no de não fazer o suficiente para defender os interesses da sua comunidade.

Desde que chegou ao poder, o vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019 tem trabalhado para promover reformas políticas e económicas, num contexto de violência interétnica num país com 110 milhões de pessoas.

Durante as manifestações antigovernamentais, entre 2015 e 2018, o cantor e ativista agora assassinado tinha sido um dos porta-vozes dos oromo, uma maioria que se sentia económica e politicamente marginalizada na altura.

O motivo do seu assassinato ainda não é conhecido, mas a polícia disse que tinha prendido "suspeitos".

As autoridades voltaram hoje a cortar a Internet numa tentativa de evitar a disseminação da violência.

Em Adis Abeba, onde manifestantes se reuniram em vários locais, as forças de segurança dispararam para o ar para dispersar os manifestantes que se aproximavam de uma estátua do Imperador Menelik II, amplamente considerado como o construtor da Etiópia moderna.

Os nacionalistas oromo veem em Menelik a origem do que consideram ser a sua marginalização.

Na terça-feira em Harar, capital da região de Oromia, manifestantes atacaram a estátua de Ras Mekonnen, pai do Imperador Haile Selassie, segundo testemunho de um médico local sob condição de anonimato.

O mesmo médico deu conta da morte de uma pessoa durante as manifestações.

Em Nekemte (oeste), em Oromia, um outro médico do Hospital Universitário de Wollega, Negeo Tesfye, adiantou que um confronto, na terça-feira, entre manifestantes e a polícia local tinha resultado na morte de duas pessoas, baleadas pelas forças especiais.

Fontes médicas e familiares tinham relatado três mortes na cidade de Adama, também na terça-feira, e uma na área administrativa de Mirab Hararghe.

A polícia federal também disse que várias pessoas tinham sido mortas na explosão de três granadas em Adis Abeba, sem dar uma localização exata.

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