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Ex-superintendente da Polícia confirma investigação a filho de Bolsonaro

O ex-superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro contrariou na quarta-feira, em depoimento à Justiça, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, ao confirmar que um dos seus filhos era investigado num inquérito de âmbito eleitoral.

Ex-superintendente da Polícia confirma investigação a filho de Bolsonaro
Notícias ao Minuto

06:47 - 14/05/20 por Lusa

Mundo Brasil

No depoimento a que o jornal O Globo teve acesso, o ex-superintendente Carlos Henrique Oliveira disse ter "conhecimento de uma investigação no âmbito eleitoral, (...) não tendo havido indiciamento".

Contudo, Carlos Henrique Oliveira, que foi afastado na semana passada da Polícia Federal do Rio de Janeiro, afirmou que nunca recebeu nenhum pedido por parte de Jair Bolsonaro em relação às investigações em curso.

O ex-superintendente prestou depoimento numa investigação solicitada pela Procuradoria Geral da República do Brasil, sob a supervisão do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre alegada interferência política na Polícia Federal por parte do chefe de Estado.

Segundo O Globo, o senador Flávio Bolsonaro era investigado num inquérito em curso na Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro sobre um alegado branqueamento de capitais e falsidade ideológica eleitoral. Contudo, a Polícia pediu o arquivamento do inquérito em março.

O ex-superintendente contrariou assim Bolsonaro, que na terça-feira afirmou à imprensa que a "Polícia Federal nunca investigou ninguém" da sua família.

A audição de Carlos Henrique Oliveira, assim como de outros membros da Polícia e do executivo, foi determinada pelo STF, após as declarações feitas pelo ex-juiz e anterior ministro da Justiça do Brasil Sergio Moro que, em 24 de abril, pediu a demissão do cargo ministerial e acusou o Presidente de estar a interferir na Polícia Federal, na sequência da demissão do ex-chefe Maurício Valeixo sem motivo aparente.

"O Presidente disse-me, mais de uma vez, expressamente, que queria ter uma pessoa do contacto pessoal dele [para quem] ele pudesse ligar, [de quem] ele pudesse colher informações, [com quem] ele pudesse colher relatórios de inteligência. Seja o diretor [da Polícia Federal], seja um superintendente", declarou Moro, na ocasião.

Segundo Moro, Bolsonaro queria interferir na Polícia Federal por estar preocupado com investigações em curso no STF, que podiam envolver os filhos ou aliados políticos.

No início do mês, no seu depoimento à Justiça, o ex-juiz denunciou que Jair Bolsonaro queria controlar a Polícia Federal do Rio de Janeiro através da indicação de um novo superintendente para aquele departamento.

"Moro, você tem 27 superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro", terá dito Bolsonaro ao ex-ministro da Justiça, segundo o testemunho prestado.

Segundo Moro, a "pressão" para substituir o superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, mudança que foi confirmada na semana passada por Bolsonaro, começou no final de agosto de 2019 e cresceu até há algumas semanas, quando o mandatário lhe disse que poderia ser demitido caso não aceitasse essa alteração.

No depoimento de Carlos Henrique Oliveira ficou ainda registado que a sua nomeação para o cargo de superintendente no Rio de Janeiro demorou a ser concluída porque Bolsonaro queria nomear outra pessoa para o cargo.

"Houve uma demora na nomeação do depoente para esse cargo pois, na época, houve uma manifestação pública do Presidente, Jair Bolsonaro, noticiada na imprensa, no sentido que ele, o Presidente, desejava que outro delegado assumisse o cargo de superintendente no Rio de Janeiro", indica-se o documento ao qual O Globo teve acesso.

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