Morreu aos 87 anos ativista anti-apartheid Denis Goldberg
O ativista 'anti-apartheid' e companheiro de Nelson Mandela na luta contra o regime segregacionista da minoria branca na África do Sul Denis Goldberg morreu na quarta-feira, na Cidade do Cabo, aos 87 anos, anunciou hoje a sua fundação.
© Getty Images
Mundo África do Sul
"Denis Goldberg morreu pouco antes da meia-noite de quarta-feira, 29 de abril", anunciou, em comunicado, a Fundação Legado de Denis Goldberg.
"Teve uma vida bem vivida na luta pela liberdade na África do Sul. Vamos sentir a sua falta", acrescentou.
Goldberg nasceu na cidade do Cabo, em 1933, no seio de uma família comunista e morreu após uma longa batalha contra um cancro.
Destacou-se pela militância contra o regime segregacionista do "apartheid", que vigorou na África do Sul entre 1948 e o início dos anos noventa.
Pertenceu ao braço armado do Congresso Nacional Africano (ANC) e, nos anos 1960, foi um dos ativistas julgados e condenados juntamente com Nelson Mandela e outras figuras do movimento 'anti-apartheid' no julgamento de Rivonia (1963-1964).
"Queriam a pena (de morte), mas todas as sentenças foram de prisão perpétua. Por isso, no final, não morri. Consegui um desconto de 100 por cento. Eu esperava 75%", brincou, em entrevista ao jornal sul-africano The Citizen, em 2016.
Único branco no julgamento, foi separado dos seus companheiros, encarcerados na ilha prisional de Robben Island, e detido durante 22 anos numa penitenciária na capital, Pretória, até à libertação, em 1985.
Após a libertação, exilou-se no Reino Unido até ao fim do 'apartheid' e à entrada do país na democracia, oficialmente inaugurada com a vitória de Nelson Mandela nas primeiras eleições multirraciais de 1994.
Homenageado em Londres, em 2016, com o colega da luta de libertação Ahmed Kathrada, Goldberg lamentou que o seu país continuasse dilacerado por tensões raciais, 25 anos após as primeiras eleições livres.
"A segregação racial foi impressa na mente de todos os sul-africanos", afirmou na altura, "há ainda um longo caminho a percorrer".
O anúncio da morte de Denis Goldberg suscitou várias reações na África do Sul, incluindo a do Presidente Cyril Ramaphosa.
"Dedicou a sua vida a alcançar a melhor vida que temos hoje e o seu contributo revolucionário reforçou o caráter não racial da nossa luta", sublinhou Ramaphosa em comunicado.
O Congresso Nacional Africano, atualmente no Governo, também prestou homenagem a Goldberg, a quem recordou como "um dos primeiros portadores do pesado jugo da liberdade, entre os heróis e heroínas cuja liberdade nunca poderia ser separada da do povo".
"Foi membro de uma geração de liderança que moldou a História do país de forma profunda", disse, por seu lado, o diretor executivo da Fundação Nelson Mandela, Sello Hatang.
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