Meio milhão esperados em concerto de croata acusado de simpatias fascistas

Mais de meio milhão de espetadores são esperados num concerto marcado para sábado em Zagreb do popular cantor croata Thompson, acusado de simpatias fascistas, avançou hoje a polícia croata, recomendando aos turistas evitem a capital.

Ultra-nacionalist singer Marko Perkovic Thompson performs against abortion in Zagreb

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Lusa
02/07/2025 16:24 ‧ há 10 horas por Lusa

Mundo

Fascismo

Cerca de 450 mil bilhetes para o concerto já foram vendidos, o que equivale a mais de metade da população de Zagreb, sublinhou a polícia, em conferência de imprensa, descrevendo o evento como "a operação mais exigente alguma vez organizada em termos de segurança pública".

 

Além da segurança, a polícia planeia ter um hospital de campanha com 200 camas perto do Hipódromo, onde o concerto terá início às 21:00 locais (20:00 em Lisboa).

Os organizadores do concerto afirmam, no anúncio do evento, que "símbolos ou insígnias que promovam o ódio, a intolerância, o racismo ou ideologias extremistas" são proibidos.

Ícone do folk-rock no país de 3,8 milhões de habitantes, Thompson, cujo nome verdadeiro é Marko Perkovic, foi proibido de atuar em concertos em vários países europeus devido ao seu apoio declarado ao regime Ustasha, colocado na liderança da Croácia em 1941 por Hitler e Mussolini.

Os 'ustashe' perseguiram e mataram centenas de milhares de sérvios, judeus, croatas antifascistas e ciganos nos campos de concentração croatas durante a II Guerra Mundial.

Não é raro encontrar emblemas deste regime fascista nas suas produções teatrais, e o cantor, assim como os seus fãs são vistos, com frequência, a fazer saudações com os braços estendidos, sobretudo quando inicia a sua canção mais famosa, 'Bojna Cavoglave', que começa por gritar o 'slogan' utilizado como saudação pelo regime Ustasha: "Za Dom -- Spremni" ("Pela Pátria -- Prontos").

Em entrevista à estação pública de televisão HRT, Thompson afirmou que queria "contar uma história positiva da Croácia, repleta de amor pelos [seus] valores: o amor a Deus, à família e à pátria".

Não há "nada de controverso" nesta música, disse o cantor, que recusou simpatias fascistas e se tornou famoso durante a guerra da década de 1990, que opôs as forças croatas, leais ao Governo da Croácia --- que tinha declarado independência da República Socialista Federativa da Jugoslávia -- ao Exército Popular Jugoslavo, controlado pelos sérvios.

O Centro Simon Wiesenthal, organização internacional de direitos humanos que luta contra o antissemitismo e se foca sobretudo no Holocausto, acusou Thompson de glorificar o genocídio nas letras das suas canções e disse que a projeção da insígnia 'ustashe' nos seus concertos "não foi uma coincidência nem um erro".

O passado pró-nazi da Croácia tornou-se menos tabu nos últimos anos, e o uso de símbolos 'ustashe' não é punido.

Até agora, a maior concentração no Hipódromo de Zagreb aconteceu em 1994, quando o Papa João Paulo II ali celebrou uma missa.

Em janeiro de 2025, a banda britânica Coldplay conquistou o recorde do maior concerto em estádio, com 223 mil espetadores, menos de metade dos esperados no concerto de sábado.

Um terço do público esperado tem menos de 28 anos, segundo a plataforma de venda de bilhetes Entrio.

A grande maioria dos fãs vê Thompson como um "patriota que promove valores tradicionais como a pátria, a religião e a família", explicou o historiador Hrvoje Klasic, citado pela agência de notícias francesa AFP.

"A sociedade croata inclina-se tradicionalmente para a direita, mas não é predominantemente pró-Ustasha, nem de extrema-direita, como se comprova pelo fraco desempenho [nas eleições] dos partidos que se dizem de direita", referiu Klasic.

As últimas eleições legislativas marcaram, no entanto, a entrada no Governo, no âmbito de um acordo de coligação, do Movimento Pátria, conhecido pela sua retórica nacionalista e anti-imigrantes.

Leia Também: "Fascismo. Parabéns a todos os que permitiram este clima de terror"

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