Turquia impede Chipre de participar em sessão do desarmamento
A Turquia impediu hoje Chipre de participar na qualidade de observador numa sessão da Conferência do desarmamento em Genebra, num contexto de crescentes tensões entre os dois países.
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Mundo Turquia
A Conferência do desarmamento, que inclui 65 países, é uma instância multilateral independente das Nações Unidas mas instalada na sede das Nações Unidas em Genebra, apesar de não ser integrada por todos os Estados-membros da ONU.
Os países podem, no entanto, participar nas sessões como observadores. Chipre, que não é membro da Conferência, pediu para participar na sessão, à semelhança de outros Estados.
Devido à oposição da Turquia, apenas foi recusado o pedido apresentado pela República de Chipre, um Estado-membro da União Europeia (UE).
O representante turco explicou que, em ocasiões anteriores, o seu país não tem impedido a participação de Chipre na Conferência, limitando-se a exprimir um protesto escrito no final de cada sessão.
No entanto, a situação alterou-se, com o representante de Ancara a sublinhar que "este ano a Turquia não apoiará este pedido particular". Os Estados Unidos e a UE lamentaram a decisão de Ancara.
"É lamentável que a Turquia tenha decidido impedir Chipre de participar nos trabalhos da Conferência", declarou o embaixador norte-americano presente na Conferência, Robert Wood, antes de exortar a Turquia a "reconsiderar" esta posição.
A decisão da Turquia surge em plena disputa em torno das reservas de gás e petróleo ao largo de Chipre, a ilha dividida do Mediterrâneo oriental e onde permanecem forças militares turcas na sua parte norte (um terço do território) desde o conflito de 1974, e onde em novembro de 1983 foi autoproclamada a República Turca de Chipre do Norte (RTCN).
A Turquia tem intensificado nos últimos meses as iniciativas no Mediterrâneo oriental, onde a descoberta de importantes jazidas de gás suscitou o apetite dos países da região e de grandes companhias internacionais.
Neste contexto, o acordo concluído no final de novembro em Istambul pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o chefe do Governo de Tripoli, Fayez al-Sarraj, motivou fortes críticas de diversos países, em particular da Grécia, Chipre, Egito e Israel.
Segundo Ancara, este acordo permite à Turquia manter as suas reivindicações sobre algumas jazidas e influenciar o projeto de gasoduto EastMed, que prevê a exportação para a Europa central de gás israelita e que atravessaria a zona reivindicada pelos turcos.
O projeto do gasoduto EastMed foi assinado no início de janeiro pela Grécia, Chipre e Israel, apesar da hostilidade da Turquia a este acordo.
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