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Ex-diretor de órgão que monitoriza desflorestação no Brasil distinguido

O ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro, Ricardo Galvão, exonerado pelo Presidente do país, Jair Bolsonaro, em agosto, é um dos dez especialistas distinguidos pela revista Nature, anunciou hoje o próprio cientista.

Ex-diretor de órgão que monitoriza desflorestação no Brasil distinguido
Notícias ao Minuto

15:35 - 13/12/19 por Lusa

Mundo revista Nature

Ricardo Galvão declarou ao jornal O Globo ter sido escolhido pela revista científica britânica para o "Nature's 10", uma distinção anual para as figuras que se destacaram na ciência, por ter feito oposição ao atual Governo acerca das questões ambientais que o seu país atravessa.

O especialista foi exonerado do seu cargo no instituto no início de agosto, após ter criticado Jair Bolsonaro, que acusou o órgão, responsável por monitorizar a desflorestação, de divulgar dados falsos, e de agir "de má-fé" para prejudicar o seu Governo.

O INPE tornou-se foco de uma grande polémica após ser duramente criticado pelo chefe de Estado, afirmando que o órgão divulgou dados mentirosos sobre o crescimento da taxa de desflorestação da Amazónia, numa reunião com jornalistas estrangeiros em julho.

Após as declarações do Presidente, Galvão respondeu publicamente que Bolsonaro teve um comportamento desrespeitoso e fez acusações indevidas a personalidades destacadas da ciência brasileira.

O INPE é um instituto público vinculado à pasta da Ciência e Tecnologia, que monitoriza a desflorestação da maior floresta tropical do mundo, operando sistemas de imagens por satélite.

"Uma das razões que a Nature me informou para a minha escolha é que, no momento em que se propagam questões obscurantistas, negacionistas e terraplanistas, tive a coragem de contrariar o Governo mostrando a importância da ciência. Ela não pode de forma nenhuma ser atacada", disse o professor e cientista ao jornal.

O cientista acrescentou: "Tenho sempre repetido que todo o gestor público, todo líder de um país deveria ter consciência de que, quando se trata de questões científicas, não há autoridade acima da soberania da ciência".

A exoneração de Ricardo Galvão do INPE causou forte repercussão na comunidade científica brasileira e internacional.

Na ocasião, Jair Bolsonaro sugeriu que o cientista poderia "estar ao serviço de alguma organização não-governamental (ONG)", por ter apresentado dados elevados sobre a desflorestação no país.

"Naturalmente, como brasileiro, sinto-me triste pelo motivo da indicação ter sido pelo executivo não ter cumprido as suas obrigações com a preservação da floresta Amazónica. Por outro lado, fico satisfeito, porque foi um momento difícil, decidir o que fazer naquela ocasião, mas entendi que deveria demarcar uma posição firme. Não era apenas a questão da desflorestação, mas um ataque à ciência brasileira", concluiu Galvão.

Segundo a imprensa brasileira, a indicação de Galvão à lista dos "Nature's 10" será tornada pública na ocasião em que o Brasil participa na 25ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP-25), na capital espanhola, Madrid.

A taxa de desflorestação da Amazónia brasileira aumentou 29,5% entre agosto de 2018 e julho de 2019, em comparação com o período homólogo anterior, segundo dados do INPE.

O órgão ligado ao Governo brasileiro informou que, no período, a maior floresta tropical do mundo perdeu 9.762 quilómetros quadrados de sua cobertura vegetal, atingindo o maior nível de desflorestação registados no país desde 2008.

A Amazónia possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, tem cerca de cinco milhões e meio de quilómetros quadrados e inclui territórios pertencentes ao Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (território pertencente à França).

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