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ONU diz que metade da população do Zimbabué enfrenta fome severa

As Nações Unidas estimaram hoje que metade da população do Zimbabué enfrente fome severa devido à devastação causada pela seca e por causa do colapso económico do país, planeando duplicar a ajuda aos cidadãos do país.

ONU diz que metade da população do Zimbabué enfrenta fome severa
Notícias ao Minuto

14:15 - 03/12/19 por Lusa

Mundo Zimbabué

Os responsáveis do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas disseram que o país enfrenta "um ciclo vicioso de malnutrição a disparar, atingindo principalmente as mulheres e as crianças", e acrescentaram que planeiam mais que duplicar, para 4 milhões, o número de pessoas que recebem ajuda.

Segundo os dados hoje divulgados, há 7 milhões de pessoas a precisarem de ajuda.

Um perito citado pela agência de notícias AP diz que o Zimbabué está à beira da fome severa e que o número de pessoas a precisar de ajuda é "chocante" para um país que não está em guerra.

Com a pouca chuva que tem caído antes da época das colheitas, em abri, o número de pessoas com fome vai piorar, diz a ONU, concluindo que a crise económica e a seca regional vão complicar a entrega da ajuda necessária.

As declarações de hoje surgem poucos dias depois do final de uma visita de 11 dias ao país por parte da relatora especial das Nações Unidas para o direito à alimentação.

Hilal Elver disse, então, que "mais de 60% da população está em situação de insegurança alimentar, com a maioria das famílias incapazes de obter alimentos suficientes para satisfazerem as necessidades básicas devido à hiperinflação".

A visita mostrou que a fome provocada pelo homem "está lentamente" a fazer o seu caminho no Zimbabué: "Nas zonas rurais, 5,5 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar, uma vez que as fracas chuvas e os padrões climáticos erráticos estão a afetar as colheitas e os meios de subsistência", disse.

Nas áreas urbanas, estima-se que 2,2 milhões de pessoas estejam em situação de insegurança alimentar e sem acesso a serviços públicos mínimos, incluindo saúde e água potável", prosseguiu.

Hilal Elver considera estes dados "chocantes" e alerta que a crise "continua a piorar" devido à pobreza, altos níveis de desemprego, corrupção generalizada, instabilidade de preços, falta de poder de compra, fraca produtividade agrícola, desastres naturais, secas recorrentes e sanções económicas.

"A maioria das crianças que conheci são raquíticas e estão abaixo do peso. As mortes infantis por subnutrição grave têm aumentado nos últimos meses e 90% das crianças com idades entre os seis meses e os dois anos não estão a consumir um mínimo aceitável de alimentos", adiantou

De acordo com a relatora da ONU, num "esforço desesperado" para encontrar meios alternativos de subsistência, algumas mulheres e crianças estão a recorrer soluções que violam os direitos humanos e as liberdades mais fundamentais.

"Como resultado, o abandono escolar, o casamento precoce, a violência doméstica, a prostituição e a exploração sexual estão a aumentar em todo o Zimbabué", sublinhou.

Elver citou testemunhos de pessoas nas áreas afetadas pela seca de Masvingo e Mwenezi, que dão conta de que essas pessoas comem apenas uma porção de milho cozido por dia.

"Sem acesso a uma dieta diversificada e nutritiva, os habitantes rurais, especialmente as crianças mais novas, mal conseguem sobreviver", disse, acrescentando que o sistema agrícola e alimentar precisa de uma reforma imediata.

Nesse sentido, incentivou o Governo a agir para reduzir a dependência do país de alimentos importados, nomeadamente o milho, e a promover a diversificação do regime alimentar alternativo com trigo.

A relatora especial alertou, por outro lado, que a crise nas cidades é tão severa como nas zonas rurais.

"Nas ruas de Harare, as pessoas esperam horas em longas filas nos postos de gasolina, bancos e dispensários de água", disse.

"Mesmo que os alimentos estivessem amplamente disponíveis nos mercados, a diminuição dos rendimentos, combinada com uma inflação que disparou para mais de 490%, causou insegurança alimentar e afetou também a classe média", concluiu.

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