Meteorologia

  • 08 MAIO 2024
Tempo
26º
MIN 17º MÁX 30º

Brexit mobiliza eleitores na Irlanda do Norte

Com 17 anos feitos recentemente, Molly tem de esperar pela maioridade para poder votar, mas decidiu envolver-se na campanha eleitoral para as legislativas britânicas de 12 de dezembro na Irlanda do Norte, que registaram um número recorde de novos eleitores.

Brexit mobiliza eleitores na Irlanda do Norte
Notícias ao Minuto

10:55 - 02/12/19 por Lusa

Mundo Brexit

A estudante é a mais nova de um grupo de sete voluntários que participou na campanha porta a porta no fim de semana do partido pró-europeu Alliance no bairro de Strandtown, no este de Belfast, distribuindo panfletos e confirmando o sentido de voto, que é devidamente apontado numa lista de eleitores.

"O que me motiva é mesmo a questão da Europa, sou contra o 'Brexit' e é o nosso futuro que está em jogo. Como não posso votar, quero tentar mobilizar o máximo de pessoas possíveis", explicou à agência Lusa a adolescente.

No referendo de 2016, 56% dos norte-irlandeses votaram contra a saída do Reino Unido na União Europeia (UE), mas o 'Brexit' foi aprovado graças à média nacional de 52% a favor.

A questão colocou a Irlanda do Norte na linha da frente das negociações para o divórcio devido ao compromisso de respeitar o processo de paz e evitar uma fronteira física com a República da Irlanda.

A zona do leste de Belfast tem uma população maioritariamente de classe média informada e liberal, mas de tradição 'unionista', a fação política que defende a continuação do vínculo entre a Irlanda do Norte e o Reino Unido, e é representada na Câmara dos Comuns por Gavin Robinson, do eurocético Partido Democrata Unionista (DUP).

Robbie Sholdis é um jovem pai que votou para o Reino Unido sair da UE, e entende que estas eleições devem ajudar a resolver o 'Brexit', por isso não tenciona mudar do habitual voto no DUP.

"É a única maneira. Aqui na Irlanda do Norte os votos são muito tribais, votamos de acordo com a família", admitiu à Lusa, enquanto mantinha um olhar vigilante na filha pequena a dar uns passos de principiante.

David e Geraldine Court são liberais e sensíveis ao discurso de Naomi Long, a candidata do Aliance, que é neutra em termos da questão da unificação da Irlanda ou do aborto, mas determinada na necessidade de investir nos serviços de saúde, na habitação e na proteção do ambiente.

Ambos aposentados, Geraldine sente que "é preciso alguém que realmente represente" pessoas com as mesmas preocupações que eles e queixa-se da falta de um governo autónomo desde 2017 por causa da divergência dos dois principais partidos, o Sinn Féin e o DUP, o que está a afetar a qualidade dos serviços públicos.

Porém, estas eleições representam um dilema, admitiu: "Votámos para sair [da UE], mas não nos identificamos com o DUP".

De visita a Belfast, Carol é uma católica às avessas com o Sinn Féin, o partido nacionalista que no passado tomou posições contra a UE, mas se opõe ao 'Brexit'.

Natural de Banbridge, cerca de 40 quilómetros a sudoeste da capital norte-irlandesa, esta irlandesa alega de que um excesso de imigração é responsável pela falta de consultas médicas e de habitações.

"Votei para sair. Nestas eleições não vou votar porque nunca votaria nos 'unionistas'", confiou à Lusa.

O tribalismo entre nacionalistas e 'unionistas' continua a marcar grande parte da sociedade irlandesa, mas Molly garante que não acontece com ela nem com os amigos, que não seguem necessariamente as mesmas escolhas partidárias ou religiosas dos pais.

"Eu estudo numa escola católica, mas muitos dos meus colegas são ateus e não são nacionalistas", revelou, assumindo-se como parte de uma vaga de uma nova geração ativa politicamente que não ficou marcada pelo conflito na Irlanda do Norte, que durou três décadas e deixou mais de 3.500 mortos.

Um novo movimento, Our Future Our Choice [Nosso Futuro, Nossa Escolha] foi criado para apelar ao voto útil dos "filhos dos acordos de paz" de 1998 nos partidos anti-Brexit, independentemente da posição sobre a reunificação da Irlanda.

Os jovens serão uma parte importante nos cerca de 235 mil novos registos realizados este ano nos cadernos eleitorais, um número recorde que deverá fazer o eleitorado chegar perto de 1,5 milhões num total de habitantes.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório