"A presença militar dos Estados Unidos é, obviamente, um problema no caminho para uma mudança da qualidade nas relações russo-japonesas", disse Lavrov durante uma conferência de imprensa após a reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros do G20 (grupo de países que tem as maiores economias do mundo), em Nagoia.
Os dois países discutem regularmente como alcançar a assinatura de um tratado de paz ainda pendente desde o final da II Guerra Mundial (1939-1945).
Esse bloqueio é devido a uma disputa territorial sobre as ilhas Kuril, chamadas Territórios do Norte no Japão. Tóquio considera oficialmente essas quatro ilhas anexadas pela URSS em 1945 como pertencentes ao território japonês.
Em novembro de 2018, o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro japonês, Abe Shinzo, reuniram-se em Singapura e concordaram em acelerar as negociações com base numa declaração de 1956.
"Quando a declaração de 1956 estava em discussão, a União Soviética já havia dito que toda essa declaração só poderia ser plenamente realizada no contexto de uma cessação da presença norte-americana no Japão", disse Lavrov.
A declaração de 1956, que restabeleceu as relações diplomáticas entre o Japão e a União Soviética, menciona o retorno de duas das quatro ilhas ao Japão, mas apenas quando a paz for assinada.
Este texto foi anulado pela URSS em 1960, após a assinatura de um tratado de cooperação entre Tóquio e Washington.
"Nós transmitimos aos nossos colegas japoneses (...) todas as preocupações concretas da Federação Russa sobre a sua segurança devido à presença, desenvolvimento e fortalecimento constante da aliança político-militar" entre o Japão e os Estados Unidos, adicionou Lavrov.
Tóquio e Washington estão vinculados por um tratado de segurança mútua e cerca de 54.000 militares dos EUA estão atualmente estacionados no Japão.
"Os nossos colegas japoneses prometeram responder a essas preocupações, esperaremos pela resposta e continuaremos a discussão", declarou o ministro russo.