América Latina "não será a mesma" devido ao êxodo dos venezuelanos
O representante especial da ONU para os refugiados e migrantes venezuelanos afirmou hoje que a América Latina não voltará a ser a mesma devido à crise da Venezuela, marcada, até à data, pelo êxodo de 4,6 milhões de pessoas.
© Reuters
Mundo ONU
Numa entrevista à agência noticiosa norte-americana The Associated Press (AP), Eduardo Stein disse que a crise migratória venezuelana entrou numa nova fase, considerando que as probabilidades destes milhões de pessoas regressarem à Venezuela são cada vez mais diminutas.
O antigo vice-Presidente da Guatemala, nomeado representante especial da ONU em setembro de 2018, admitiu à AP que, mesmo que exista uma resolução imediata para a crise na Venezuela, será difícil que todos aqueles que saíram do país consigam regressar rapidamente.
No início do mês corrente, existiam cerca de 4,6 milhões de migrantes e refugiados venezuelanos em todo o mundo, pessoas que saíram do país desde 2015 para procurar proteção ou melhores condições de vida.
Cerca de 80% destas pessoas estão em países da região da América Latina e Caraíbas.
No seguimento deste êxodo, Eduardo Stein disse acreditar que a América Latina mudou de forma permanente.
"A região não será a mesma", declarou o representante especial.
Eduardo Stein falava em Bogotá, onde a Organização Internacional das Migrações (OIM) e o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) lançaram, na quarta-feira, um plano que visa angariar 1,35 mil milhões de dólares (1,22 mil milhões de euros) para responder às crescentes necessidades humanitárias dos migrantes e refugiados venezuelanos, mas também dos países da América Latina e Caraíbas que os acolheram.
A Venezuela, país que conta com cerca de 32 milhões de habitantes e com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes, enfrenta um clima de grande instabilidade política, situação que se soma a uma grave crise económica e social.
Se o atual ritmo de partidas da Venezuela se mantiver, as saídas do país sul-americano poderão atingir os 6,5 milhões até final de 2020.
Isso representaria ultrapassar as 5,6 milhões de pessoas que fugiram da Síria desde o início da guerra em 2011, segundo admitiram recentemente as Nações Unidas.
Na terça-feira, dados igualmente avançados pela ONU indicaram que o número de pessoas subnutridas no país mais do que duplicou, passando de 2,9 milhões de pessoas no triénio 2013-2015, para 6,8 milhões no triénio 2016-2018.
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