Damasco urge curdos a juntarem-se às fileiras do regime
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria apelou hoje aos curdos sírios para se juntarem às forças governamentais depois de terem sido, aparentemente, abandonados pelos aliados norte-americanos no noroeste do país.
© Reuters
Mundo Síria
As milícias curdas da Síria enfrentam neste momento a iminente intervenção militar do Exército da Turquia junto da fronteira entre os dois países.
Faisal Mekdad, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Síria, urgiu os curdos sírios a "voltarem às fileiras" de Damasco, "em vez de se atirarem ao abismo", referindo-se à esperada operação militar turca de grande escala na região.
Os comentários de Mekdad foram publicados hoje no jornal pró-governamental Al-Watan, tratando-se da primeira reação de Damasco desde que os Estados Unidos decidiram afastar-se do noroeste da Síria.
O anúncio de Trump provocou grande indignação entre os sírios curdos que arriscam perder a autonomia que conquistaram na guerra civil.
Mekdad afirma que a pátria "recebe os seus filhos" e que Damasco vai resolver os problemas de todos os sírios de forma positiva e sem violência.
O membro do governo sírio disse ainda que Damasco vai defender todo o território e que não vai aceitar a ocupação.
Entretanto, o vice-presidente da Turquia, Fuat Oktay, disse que o país pretende combater os curdos sírios junto à fronteira e criar uma zona onde podem vir a ser instalados refugiados da Síria.
"No que diz respeito à Turquia, nós determinamos o nosso caminho e estabelecemos os nossos limites", disse ainda Fuat Oktay.
A declaração do vice-presidente turco surge um dia depois de os Estados Unidos se terem afastado da região devido à incursão militar turca anunciada contra os combatentes curdos no norte da Síria.
As milícias curdas têm contado com os soldados norte-americanos como aliados durante os últimos anos, sobretudo na luta contra os radicais do grupo Estado Islâmico.
O Irão já pediu à Turquia para conter a operação contra os curdos da Síria através de uma declaração do ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif.
O chefe da diplomacia do Irão pediu ao homólogo turco, Mevlut Cavusoglu, para que a integridade e a soberania da Síria sejam respeitadas.
O Irão, a Turquia e a Rússia estão envolvidos nas conversações diplomáticas sobre a guerra civil na Síria no quadro do Grupo de Astana e que decorrem de forma paralela aos esforços das Nações Unidas sobre o conflito.
Tudo indica que no domingo, em contacto telefónico entre o chefe de Estado turco, Recep Tayyip Erdogan e o presidente norte-americano, Donald Trump, os Estados Unidos deram "luz verde" para a ofensiva da Turquia no norte da Síria.
O objetivo turco é evitar que as milícias curdas Unidades de Proteção Popular (YPG) e o seu braço político Partido de União Democrática (PYD) -- que Ancara considera uma extensão da guerrilha curda do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) -- venham a expandir posições no norte da Síria junto da fronteira com a Turquia.
A operação militar centrada na margem leste do Eufrates é a terceira intervenção militar de Ancara contra as milícias curdas no norte da Síria desde 2016.
Ao mesmo tempo que se prepara o lançamento da ofensiva turca, os Estados Unidos iniciaram a retirada dos soldados norte-americanos que se encontram na zona.
Washington exige que a Turquia tome responsabilidade sobre os milhares de membros do grupo radical Estado Islâmicos que se encontram detidos na região.
A operação turca é fortemente criticada na Turquia, com o principal partido da oposição, o social democrata CHP, a denunciar um "acordo secreto" entre Trump e Erdogan.
O CHP alega que os Estados Unidos concordaram com a intervenção militar turca contra as milícias curdas porque Ancara garantiu assumir responsabilidade em relação aos detidos do Estado Islâmico.
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