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Acelerador de partículas decifra papiros carbonizados há 2000 anos

Um acelerador de partículas no Reino Unido está a ajudar a decifrar o conteúdo de papiros com 2.000 anos encontrados nas ruínas de uma cidade romana destruída por uma erupção do Vesúvio.

Acelerador de partículas decifra papiros carbonizados há 2000 anos
Notícias ao Minuto

15:55 - 03/10/19 por Lusa

Mundo Reino Unido

Os papiros da antiga Herculanum, situada perto da atual Nápoles, foram encontrados carbonizados no século XVIII nas ruínas de uma cidade coberta com cinza ardente do vulcão, que deixou as casas intactas.

O facto de não se poderem desenrolar sem ficarem destruídos levou a que fossem levados de França para Oxfordshire, no Reino Unido, onde está instalado um anel de 500 metros de circunferência chamado sincrotrão, que acelera eletrões até que produzam uma espécie de raio X potente que atravessa a matéria.

Com essa tecnologia, é como ter um microscópio gigante a decifrar os vestígios de tinta nos papiros e a criar uma imagem a três dimensões em alta resolução sem lhes tocar.

Em 1802, seis dos 1.800 papiros encontrados foram oferecidos pelo rei de Nápoles a Napoleão Bonaparte, que os confiou à biblioteca do Instituto de França, em Paris.

Um dos técnicos da biblioteca do instituto, Yoann Brault, disse à agência France Presse que em 1986 tentou-se através de um processo químico desenrolar um papiro, que acabou em centenas de pequenos fragmentos "muito difíceis de ler" por causa do tipo de tinta utilizada.

"O processo de reconstrução, altamente informatizado, dá-nos conta do que se encontra no interior", afirmou sobre o sincrotrão inglês Diamond Light Source.

Em 2014, um processo de leitura que também utilizou raios X permitiu reconstituir algumas frases e reconhecer letras gregas escritas por um filósofo epicurista, Filodemo de Gádara.

"Contrariamente à filosofia estoica, cujos textos, por serem compatíveis com o Cristianismo, foram copiados na Idade Média, o epicurismo não era, e os seus textos raramente foram conservados", afimou Michel Zink, especialista na Idade Média.

O historiador apontou que "é por isso que estes rolos têm tanta importância" e que se pode ambicionar "ler frases inteiras e, talvez um dia, um texto inteiro".

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