O Presidente eleito, que concorda ter "um caráter forte", anunciou que "será respeitoso" nas suas relações com Donald Trump mas que exige "reciprocidade" de sua contraparte norte-americana.

"Toda a diplomacia resume-se à reciprocidade, se (Trump) me respeita, eu respeito-o, se me trata bem, eu trato-o bem, se me trata mal, eu trato-o mal", avisou Giammattei, durante uma entrevista dada segunda-feira à agência noticiosa francesa AFP.

Sem criticar frontalmente o polémico pacto migratório concluído no final de julho entre Washington e o Governo do ex-Presidente Jimmy Morales, Giammattei anunciou que o texto deverá ser submetido à aprovação dos parlamentares guatemaltecos.

O acordo, visto por muitos como humilhante, imposto por Donald Trump sob a ameaça de represálias económicas e cujos termos não são claros, causou grande alvoroço na Guatemala.

Para o Presidente eleito da Guatemala, a questão migratória não é nova, mas "foi ampliada porque se tornou um tema de campanha política nos Estados Unidos".

"Eu entendo a posição do Presidente Trump" na perspetiva da campanha para a sua reeleição, admitiu Giammattei.

"Ele quer afirmar a imagem do homem que cumpre as suas promessas. Está bem, eu entendo, eu entendo o Presidente Trump", disse ele.

A fim de manter no país os candidatos à emigração, Giammattei propõe desenvolver economicamente a área pobre da fronteira com o México, tanto do lado guatemalteco como do lado mexicano, criando um "banco de investimentos" sob a égide da Organização dos Estados Americanos (OEA).

"Poderíamos criar um polo gigantesco de desenvolvimento que poderia beneficiar ambos os países", disse Giammattei, anunciando que vai defender esse caso na Cidade do México e em Washington durante o "período de transição", já que a sua tomada de posse está marcada para 14 de janeiro de 2020.

Giammattei também anunciou que se encontrará com o Presidente salvadorenho, Nayib Bukele, na próxima semana em San Salvador, onde proporá a participação num projeto ferroviário que liga as costas do Caribe e do Pacífico.

"Este é um investimento incrível e podemos contar com mais de um milhão de empregos criados em quatro anos", disse Giammattei.

Com o Presidente salvadorenho, também abordará o tema da luta contra as "maras", os gangues criminosos que aterrorizam as populações dos dois países.

"A luta deve ser multinacional, deve ser feita no nível regional. O crime organizado não respeita as fronteiras", disse o Presidente eleito da Guatemala, também prometendo "uma luta feroz contra as drogas, cartéis (narcotraficantes) dos quais muitos são mexicanos e operam na Guatemala".

Quanto à luta contra a corrupção, que assola o seu país, Giammattei rejeitou qualquer possibilidade de recorrer novamente à missão da ONU contra a impunidade na Guatemala (CICIG), mas declarou que vai enfrentar o problema, sem medo.

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