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Escalada da violência na província na Síria causa recorde de vítimas

A escalada da violência na província síria de Idlib registada em junho provocou um recorde de mortos e feridos este ano, além de 450 mil deslocados e hospitais sobrelotados, denunciou hoje a organização Médicos Sem Fronteiras.

Escalada da violência na província na Síria causa recorde de vítimas
Notícias ao Minuto

15:28 - 31/07/19 por Lusa

Mundo MSF

"A violência aumentou ao longo do mês passado, altura em que houve mais pessoas mortas e feridas do que em qualquer outro momento deste ano", refere a organização em comunicado hoje divulgado.

O exército sírio e os seus aliados intensificaram, desde finais de abril, a sua campanha no norte de Hama e no sul de Idlib, onde ainda se regista a presença de grupos armados rebeldes, e a violência já causou mais de 500 mortes civis, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

A província de Idlib, no noroeste da Síria, está controlada em grande parte pela antiga filial síria da Al-Qaida e outros grupos islamitas opositores ao regime de Bashar al-Assad.

De acordo com a Médicos Sem Fronteiras (MSF), o aumento dos bombardeamentos nesta região provocou um crescimento do número de vítimas e, nos últimos três meses, a fuga de mais de 450 mil pessoas das suas casas em direção, sobretudo, à fronteira turca.

A organização relata ainda a falta de condições nos hospitais da região, referindo que estão a receber "fluxos abundantes de vítimas", com mais de 10 feridos a darem entrada todos os dias nas últimas semanas.

"No início deste mês, um hospital apoiado pelos MSF recebeu, em apenas 48 horas, mais de 35 feridos devido aos ataques aéreos" e uma outra instituição tratou 50 vítimas na mesma semana, denunciou o organismo de ajuda internacional.

A ofensiva militar lançada no final de abril atingiu e danificou várias infraestruturas civis, como instalações médicas, escolas, mercados e campos para deslocados, refere a MSF.

"Doentes, cuidadores e funcionários dos hospitais estão todos a lutar psicologicamente", sublinhou o diretor de um hospital da região, explicando que "quando os aviões sobrevoam o hospital, todos ficam extremamente assustados e alguns deixam o edifício, com medo de serem atingidos".

Segundo adianta a organização, os hospitais têm de ser, muitas vezes, esvaziados e, em muitas outras ocasiões, as pessoas têm de ser deslocadas para a sala de segurança porque os aviões estão a sobrevoar os edifícios.

Mesmo com estas interrupções, "tentamos sempre manter a sala de urgências aberta", até porque "alguns hospitais da área servem dezenas de milhares de pessoas e não temos escolha a não ser estar lá quando algo acontece", afirmou o mesmo diretor, citado pela MSF.

A organização adianta ainda que muitos dos novos deslocados têm-se dirigido para áreas densamente povoadas e vivem agora em tendas ou ao ar livre, sob oliveiras, com necessidades crescentes de comida, água e cuidados médicos.

"A MSF tem distribuído itens de primeira necessidade e água potável aos recém-desalojados, além de instalar compartimentos sanitários tanto em campos já existentes como em recém-formados, mas os deslocados precisam de muito mais apoio do que o disponível atualmente" alerta a organização de médicos.

"Há centenas de milhares de pessoas deslocadas a viver em condições terríveis", descreveu a coordenadora de operações dos programas de MSF na Síria, Lorena Bilbao.

"Muitos dos acampamentos estão superlotados, têm infraestruturas desadequadas e as condições de vida não são higiénicas, o que representa um grave risco de surtos de doenças", alertou a responsável.

"Se as pessoas não tiverem água limpa para beber, podemos esperar mais vítimas de desidratação, diarreia e doenças transmitidas pela água nas próximas semanas. Isso levará a uma maior deterioração do que já é uma situação crítica", concluiu.

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