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Rebeldes do Iémen rejeitam ajuda alimentar para milhares de famílias

Os rebeldes do Iémen devolveram em maio um carregamento do Programa Alimentar Mundial destinado a alimentar cerca de 100 mil famílias no país devastado pela guerra e no limiar da fome, anunciou hoje um porta-voz da agência humanitária.

Rebeldes do Iémen rejeitam ajuda alimentar para milhares de famílias
Notícias ao Minuto

12:59 - 25/06/19 por Lusa

Mundo ONU

A rejeição da remessa ocorreu quando o Programa Alimentar Mundial (PAM) estava em negociações tensas com os rebeldes, conhecidos como Huthis, que bloquearam a tentativa da agência de registar milhões de iemenitas que precisavam de ajuda usando a biometria como forma de impedir o roubo de ajuda alimentar.

O PAM culpou principalmente os rebeldes por roubarem a ajuda alimentar, acrescentando que o carregamento rejeitado também privará milhares de famílias de ajuda extremamente necessária.

Na semana passada, o PAM suspendeu parcialmente a ajuda, uma vez que as conversações com os Huthis não tiveram resultados e depois de a agência acusar os rebeldes de continuarem a roubar ajuda e de usarem milhões de dólares de doações internacionais para a economia de guerra.

Segundo o PAM, a suspensão afetou 850.000 pessoas em Sanaa, capital iemenita, onde ocorreu a maior parte do roubo.

O PAM tem enviado ajuda alimentar no valor de 100.000 milhões de dólares (87,8 milhões de euros) por mês para o Iémen.

Os rebeldes, que controlam o norte do Iémen, responderam com uma feroz campanha nos meios de comunicação contra o PAM, acusando-o de enviar comida estragada.

No domingo, a agência de notícias estatal SABA citou Mohammed Ali al-Huthi, um alto oficial rebelde, acusando o PAM de tentar encobrir comida estragada e ajuda expirada.

Ali al-Huthi tem vindo a defender doações em dinheiro do PAM em substituição do que considera ser "comida corrompida".

Esta agência de ajuda humanitária explicou que alguns dos alimentos mantidos por muito tempo em áreas controladas pelos rebeldes acabaram por piorar.

A agência de notícias Associated Press (AP) obteve a cópia de um comunicado do responsável do PAM no Iémen, Stephen Anderson, notificando os Huthis em 11 de junho de que a agência estava no processo de se livrar de mais de 200.000 toneladas de farinha expirada armazenada pelos rebeldes no aeroporto de Sanaa.

No mês passado, os rebeldes mandaram mais de 8.000 toneladas de farinha enviadas pelo PAM para fora do porto de Hodeida, no Mar Vermelho, alegando que estavam contaminadas com insetos mortos.

Uma verificação posterior da carga, agora atracada em Omã, mostrou que estava limpa, indicou o porta-voz do PAM.

"O PAM não pode tolerar a rejeição infundada de carga humanitária essencial quando milhões no Iémen enfrentam desnutrição e fome", afirmou o oficial, falando sob condição de anonimato.

Em dezembro passado, a AP noticiou que fações armadas em ambos os lados do conflito estavam a roubar ajuda alimentar, desviando-a para os seus combatentes ou tornando a vendê-la para obter lucro.

Segundo a AP, alguns grupos estão a bloquear as entregas às comunidades que consideram ser inimigas.

Dias antes da suspensão da ajuda, David Beasley, diretor-executivo do PAM, referiu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) que a agência descobriu no final de 2018 "evidências sérias de que comida estava a ser desviada e a ir para as pessoas erradas" na capital Sanaa e outras áreas controladas pelos Houthis.

O conflito no Iémen começou com a tomada da capital, Sanaa, em 2014, pelos Houthis apoiados pelos iranianos, que expulsaram o Governo internacionalmente reconhecido.

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