No primeiro balanço divulgado pelo Governo desde o início da operação militar para desmobilizar o acampamento de manifestantes em Cartum, o ministro da Saúde negou "que o número de mortos tenha atingido os 100", assegurando que "não ultrapassa os 46", segundo a agência de notícias oficial Suna.
De acordo com o Comité de Médicos, organização próxima dos manifestantes, 108 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas desde segunda-feira, data da operação para dispersar os manifestantes, que estavam concentrados em frente ao Quartel-General das Forças Armadas, em Cartum.
O Sudão vive, desde dezembro, uma revolução popular sem precedentes que conduziu à deposição, em abril, do Presidente Omar al-Bashir, substituído por um Conselho Militar Transitório.
Apesar da mudança, os manifestantes continuam nas ruas, reclamando uma transferência de poder para os civis.
As negociações entre os movimentos de contestação e a Junta Militar fracassaram em 20 de maio com as duas partes a quererem assumir a liderança do período de transição de três anos.
Na segunda-feira, o acampamento, montado desde 06 de abril, em Cartum, foi dispersado pela força, com os manifestantes a denunciarem "um massacre" perpetrado por "milícias" do Conselho Militar.
Por seu lado, os militares rejeitaram o uso da força, adiantando que se tratou de "uma operação de limpeza" que correu mal.
A operação foi condenada pelas Nações Unidas, Estados Unidos e Reino Unido, entre outros países.
A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, que apoiam os militares sudaneses, apelaram ao diálogo sem condenar a repressão.