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"Relação de Portugal com a China é uma mais-valia para a Europa"

O antigo primeiro-ministro francês, conhecido como o senhor China em França, considera que a Europa precisa de uma resposta comum para responder ao projeto da Rota da Seda lançado por Xi Jinping e que Portugal tem um papel de relevo nessa relação.

"Relação de Portugal com a China é uma mais-valia para a Europa"
Notícias ao Minuto

18:11 - 25/04/19 por Lusa

Mundo Raffarin

"Portugal tem um crédito de respeito na China muito maior do que seria de esperar. A história e a sua abertura ao mundo, nomeadamente a ligação com África, podem dar um papel interessante a Portugal no diálogo com a China. [...] Em Macau ainda se fala português e isso é uma via rápida para dialogar com a China. A relação de Portugal com a China é uma mais-valia para a Europa", disse o antigo primeiro-ministro francês, Jean- Pierre Raffarin, em entrevista à agência Lusa.

Jean- Pierre Raffarin encantou-se pela China na sua primeira viagem ao país, na década de 1970, quando esteve em Macau. O gosto pelo país permaneceu durante a sua vida política e hoje é o conselheiro do Presidente Emmanuel Macron para a China. Com esta experiência, Raffarin afirma que a China está à procura de reequilibrar um mundo organizado pelos países ocidentais.

"Acho que a maneira como a China olhava para o Ocidente permaneceu igual durante muito tempo, com alguma admiração - por ser um modelo de desenvolvimento. E, progressivamente, começaram a surgir algumas tensões com o Ocidente, desde logo porque a organização mundial é ainda uma organização Ocidental e a China, devido à sua ascensão como potência global, quer ter um lugar à mesa. A China quer reequilibrar as forças no Mundo", afirmou.

A resposta da China foi a constituição da nova Rota da Seda, segundo o antigo primeiro-ministro francês. Lançada em 2013, por Xi Jinping, o projeto de infraestruturas internacional 'Uma Faixa, Uma Rota' ou 'nova rota da seda', inclui a construção de portos, aeroportos, autoestradas, centrais elétricas ou malhas ferroviárias ao longo da Europa, Ásia Central, África e sudeste asiático.

"A Rota da Seda é o projeto do Presidente Xi Jinping para estabilizar a posição da China no mundo. A China quer mostrar que cooperar é melhor do que viver em tensão e apresenta um projeto relativamente pacífico e quer associar outros parceiros, já que tendo em conta a antiga rota, chega também a África e cobre vários continentes. Se a China olha para isto como um contributo para o mundo, uma parte da Europa olha para isto como uma possível dominação do mundo pela China", indicou Jean-Pierre Raffarin.

Com este projeto já em curso, cabe à Europa encontrar uma posição coerente entre todos os Estados-membros. "A Europa demorou muito tempo a definir uma estratégia em relação à Rota da Seda. Não fico contente quando vejo a Itália a negociar sozinha, sem qualquer concertação. Se a Europa quer ser um ator global, precisa de se unir. O essencial é propor aos chineses projetos favoráveis às empresas europeias, respeitando as normas europeias e que se inscrevam na Rota da Seda. Temos de ser proativos e não podemos ser espetadores do nosso destino", disse Raffarin.

Quanto à posição francesa em relação à China, o antigo primeiro-ministro considera que Macron tem tomado boas decisões e não precisa de conselhos.

"O Presidente Macron não precisa de conselhos, eu só discuto com ele. Mas acho que uma das melhores coisas que ele decidiu foi de ir à China uma vez por ano. A cultura chinesa, muito antiga e densa, merece muito trabalho", considerou, adicionando ainda que chamar Angela Merkel e Jean-Claude Juncker para o encontro com o Presidente Xi Jinping no Eliseu foi "muito importante" para pôr a Europa a trabalhar em conjunto.

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