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Conflito Índia/Paquistão depende da pressão da opinião pública

O desenvolvimento do conflito entre a Índia e o Paquistão vai depender de dois fatores: o interesse internacional e a pressão da opinião pública, segundo especialistas contactados pela Lusa.

Conflito Índia/Paquistão depende da pressão da opinião pública
Notícias ao Minuto

13:54 - 27/02/19 por Lusa

Mundo Especialista

As grandes potências estão preocupadas com as bases terroristas em solo paquistanês e olham para o conflito entre a Índia e o Paquistão com mais interesse, ao mesmo tempo que a opinião pública nos dois países terá influência na forma como a escalada de tensão se resolve, explicaram à Lusa dois especialistas em política internacional.

Em entrevista à Lusa, Constantino Xavier, investigador de Estudos Internacionais no Instituto Brookings, disse acreditar que a opinião pública da Índia e do Paquistão será decisiva para o desenlace no conflito entre estes dois países democráticos.

"São ambos países democráticos, com governos democraticamente legitimados, por isso, a pressão da opinião pública será muito importante para a evolução dos acontecimentos", referiu o investigador de naturalidade portuguesa a viver em Nova Deli.

Idêntica perspetiva tem Laura Miller, especialista do International Crisis Group, uma organização não-governamental para a prevenção de guerras, que aponta as próximas eleições na Índia, em abril e maio, como um fator relevante para compreender a atitude agressiva por parte do governo do primeiro-ministro Narendra Modi.

"Com as eleições a aproximar-se o governo indiano dará mais liberdade de ação às forças de segurança", explica Laura Miller, referindo que o executivo de Modi tem tudo a ganhar com uma ocasião em que possa demonstrar mão firme perante movimentos terroristas organizados a partir do Paquistão.

"Teoricamente, a situação favorece o primeiro-ministro indiano, que se recandidata, porque coloca a campanha eleitoral em suspenso, centrando todas as atenções num conflito de que pode beneficiar", reforça Constantino Xavier.

O investigador do Instituto Brookings lembra que recentemente o Congresso indiano apelou à unidade do país no combate ao terrorismo e a atual situação de conflito remete para a necessidade de uma melhor proteção contra os riscos de grupos terroristas organizados a partir do Paquistão.

Laura Miller aponta o atentado suicida de 14 de fevereiro, que matou 40 militares indianos, na zona de Caxemira controlada pela Índia, perpetrado pelo grupo Jaish-e-Mohammed, baseado no Paquistão, como uma das principais razões para a atitude mais dura do governo indiano contra o Paquistão.

"Perante estes ataques, o governo indiano vai querer apaziguar os sentimentos dos eleitores de linha dura, que querem vingar as vítimas dos atentados terroristas organizados a partir do Paquistão", explica a especialista do International Crisis Group.

Constantino Xavier partilha desta ideia, considerando que este é o momento para a Índia exigir ao governo paquistanês responsabilidades no controlo dos grupos terroristas que têm proliferado em várias zonas do país.

Xavier recorda que, nos últimos anos, os ataques terroristas em cidades como Londres, Paris ou Bruxelas foram planeados a partir de dois países: Arábia Saudita e Paquistão.

E este facto ajuda a explicar a maior preocupação da comunidade internacional com o conflito entre a Índia e o Paquistão.

"Quando dos ataques de 2008, a situação foi olhada como um conflito regional. Agora, Estados Unidos, China, Rússia estão com outra preocupação, porque percebem que o Paquistão é uma importante base para grupos terroristas que operam por todo o mundo", explica Constantino Xavier.

Laura Xavier diz que o governo paquistanês tenderá a alterar a sua posição relativamente a grupos jihadistas, obrigado pela pressão internacional a ser mais severo na repressão a qualquer sinal de operação terrorista no seu território.

"Desde 2016, quando dos ataques na base militar de Pathankot, que a Índia se tem recusado a dialogar com o Paquistão", afirma a especialista.

E Constantino Xavier reforça a ideia de que o recente ataque aéreo por parte da Índia é um sinal para dentro do Paquistão, "dizendo que devem arrumar a casa", antes de voltarem a tentar qualquer forma de diálogo.

Até porque, explica Xavier, o que tem mudado é o fator do interesse internacional, com as grandes potências a demonstrarem preocupação com a atividade terrorista no território paquistanês.

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