Nicolás Rando (à esquerda na imagem) fazia parte da Equipa de Resgate e Intervenção de Montanha (EREIM) da Guardia Civil espanhol que, de 13 a 26 de janeiro, esteve empenhado no trágico caso de Julen Roselló, o menino de dois anos que caiu num poço de prospeção de água, em Totalán, Málaga.
Em declarações à Antena 3, o agente contou a sua versão do caso, desde a primeira chamada que recebeu até ao momento em que chegaram ao cadáver do menino, no passado sábado de madrugada. Sublinhe-se que os mineiros encarregues de escavar o túnel horizontal tinham sempre um agente da Guardia Civil presente, uma vez que teria que ser esta força de autoridade a retirar o corpo.
“Tomámos a decisão de que iria sempre descer um Guardia Civil com os mineiros para exercer funções de Polícia Judiciária. Se estava vivo, para o socorrer, e se não, para recolher provas e fazer a inspeção ocular. A esperança nunca a perdemos”, indicou.
Nico explicou que, já nas proximidades do corpo, verificaram que o solo era um pouco diferente. “Fizemos uma prova e vimos que a terra era diferente. O meu colega meteu uma câmara no buraco que tínhamos aberto. E viu o menino”, contou.
O agente de autoridade referiu que o momento foi “duro” e “com muito stress” e “muita pressão”. “Tive sentimentos mistos. Algum alívio por ter terminado o trabalho, mas furioso com o resultado. Não me vou alongar. Tirámos terra para parar sete aviões, chegámos até ele e tirámo-lo. Não estava vivo, isso é o pior. Mas demos tudo o que tínhamos”, reconheceu.
“São muitos sentimentos mistos quando todos temos família e alguns temos filhos com essa idade. Tentaremos virar a página, como os profissionais que somos, mas é um momento que se vive com especial dureza”, admitiu, explicando que se deixou derrubar quando deixou o corpo da criança na plataforma preparada para o receber.
Sublinhe-se que a morte da criança está agora a ser investigada pelas autoridades. Sabe-se, no entanto, que Julen sofreu um "traumatismo cranioencefálico grave, de acordo com o relatório preliminar da autópsia.
O funeral realizou-se no domingo pelas 12h (11h em Lisboa). Centenas de pessoas encheram a entrada do cemitério de San Juan, no bairro malaguenho de El Palo, para se despedirem de Julen.
Esta manhã de segunda-feira o congresso espanhol dedicou um minuto de silêncio pela morte da criança, dedicando também algumas palavras aos esforços das autoridades.
La #DiputaciónPermanente guarda un minuto de silencio por el fallecimiento de Julen. pic.twitter.com/gz6cusSqX2
— Congreso (@Congreso_Es) 28 de janeiro de 2019