MNE francês visita Líbia para impulsionar a convocação de eleições gerais
O chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, deslocou-se hoje à Líbia para tentar impulsionar a concretização do acordo de Paris, que prevê eleições em dezembro neste país do norte de África à beira do caos total.
© Reuters
Mundo Jean-Yves Le Drian
"No dia 29 de maio em Paris os responsáveis líbios comprometeram-se a organizar eleições presidenciais e legislativas de acordo com um calendário preciso, e até ao final do ano", declarou o ministro francês após um encontro em Tripoli com o primeiro-ministro Fayez al-Sarraj do "governo de união nacional" (GNA), o único reconhecido pelas instâncias internacionais.
"É a isto que aspiram os cidadãos líbios que se inscreveram em massa nas listas eleitorais", sublinhou.
"Esse é o caminho a seguir e vim recordar esses compromissos e este calendário a quem os assumiu, e partilhar esta iniciativa com os que não estiveram em Paris em 29 de maio", acrescentou.
Sete anos após a queda do regime de Muammar Kadhafi, em 2011, a Líbia continua à deriva, com duas autoridades políticas rivais -- o GNA em Tripoli e outro instalado no leste e apoiado pelo general Khalifa Haftar.
Apesar das importantes riquezas petrolíferas, a economia do país está no limite.
Os principais protagonistas da crise, em que se incluem Sarraj e o marechal Haftar, o homem forte do leste e que dirige o autoproclamado Exército Nacional Líbio (ANL), comprometeram-se a organizar eleições legislativas e presidenciais em 10 de dezembro numa tentativa de ultrapassar o impasse político e o caos social.
"A França apoia os esforços de todos os que trabalham nesta direção", acrescentou Le Drian, ao anunciar uma contribuição francesa de um milhão de dólares (850.000 euros) para a organização dos escrutínios.
Em Tripoli, o ministro francês também se reuniu com o islamita moderado Khalef al-Mechri, presidente do Conselho de Estado, equivalente a uma câmara alta.
Deverá ainda manter contactos com o marechal Haftar e o presidente da Câmara dos representantes, Aguila Saleh, baseados em Tobrouk (leste).
Le Drian tem ainda prevista uma escala em Misrata, uma cidade costeira a 200 quilómetros a leste de Tripoli e onde estão estacionadas o que são consideradas as milícias mais poderosas do país. Estes grupos não estiveram presentes em Paris.
Devido à ausência de um poder central estruturado, a Líbia tornou-se uma placa giratória da imigração em direção à Europa, mesmo que o número de travessias em direção a Itália tenha diminuído em 2018.
O país tornou-se ainda um terreno de ação de diversos grupos 'jihadistas'.
Nesta tentativa de estabilização, a França tem insistido nas eleições e tenta reforçar a sua influência na região, ao lado do enviado especial da ONU Ghassan Salamé, mas com o risco de suscitar reações adversas por outros países envolvidos na Líbia, em particular a Itália.
Os países que "patrocinam" as diversas forças em presença no cenário líbio -- Emirados Árabes Unidos e Egito apoiam o general Haftar, Qatar e Turquia diversos grupos islamitas -- possuem a sua agenda, à semelhança da Itália, Estados Unidos e Reino Unido.
E o cumprimento do calendário eleitoral pretendido por Paris está longe de garantido.
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