Federica Mogherini falava numa conferência de imprensa conjunta com o ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodríguez Parrila, no final da primeira reunião ministerial UE-Cuba, celebrada no quadro do Acordo de Diálogo Político e Cooperação assinado em dezembro de 2016 e que está a ser parcialmente aplicado desde novembro de 2017.

"Hoje reunimo-nos para completar o virar de página e lançar o trabalho conjunto para a implementação deste acordo, aplicado provisoriamente desde novembro passado, e que pôs fim a uma anomalia, pois Cuba era dos poucos países do mundo sem vínculos contratuais com a UE", apontou Mogherini.

Sublinhando que UE e Cuba conseguiram transpor as suas relações "para um nível completamente diferente relativamente ao passado", ainda que se mantenham "diferenças em certos domínios", a chefe de diplomacia europeia disse que "este é um investimento concreto no diálogo e na cooperação em todas as áreas onde tal é possível e vantajoso para os povos e regiões".

"Acredito que este é um pequeno grande elemento de notícias positivas num mundo cada vez mais problemático, e mostra que o diálogo e a perseverança podem produzir bons resultados", declarou.

Também Parrilla saudou o que classificou como "um passo em frente significativo nas relações entre UE e Cuba", que "constitui uma demonstração da vontade de ambas as partes de trabalharem em conjunto" e da sua "capacidade para construir espaços para o diálogo e cooperação", privilegiando os aspetos que os unem, e não os que os separam.

O ministro cubano comentou que o bloqueio a Cuba, agravado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, "continua a representar o principal obstáculo do desenvolvimento pleno dos vínculos económicos, financeiros e comerciais entre UE e Cuba".

"O governo do Presidente Donald Trump endureceu a aplicação de bloqueio e aumentou a agressividade na sua aplicação extraterritorial, contra bancos e empresas europeias., sobretudo no setor financeiro", lamentou, apontando que tal provoca "danos consideráveis" à ilha e ao seu povo.

Questionada sobre a questão, Mogherini apontou que "a posição da UE sempre foi muito clara, tão clara que há poucos meses, na assembleia-geral da ONU, todos os Estados-membros votaram de forma unânime uma resolução a pedir o fim do bloqueio", porque é convicção da Europa de que "o comércio, o investimento e as relações económicas são uma ferramenta muito poderosa para o desenvolvimento sustentável".

Entre os passos concretos dados hoje, os dois responsáveis apontaram um "novo programa de cooperação em energias renováveis, no valor de 18 milhões de euros, para ajudar Cuba a atingir a ua ambiciosa meta de 24% da eletricidade do país a partir de fontes de energia renováveis".