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'La Manada': Violação, orgia, má justiça? Muita polémica e pouco consenso

Cinco homens acusado de ter violado em grupo uma jovem de 18 anos, em 2016, foram condenados por abusos sexuais mas absolvidos do crime de violação. Decisão do tribunal espanhol gerou protestos e críticas, juntando-se a elas, esta semana, o ministro da Justiça.

'La Manada': Violação, orgia, má justiça? Muita polémica e pouco consenso
Notícias ao Minuto

17:06 - 30/04/18 por Anabela de Sousa Dantas

Mundo Espanha

Rafael Catalá, ministro da Justiça espanhol, falando sobre a polémica sentença atribuída aos cinco homens do grupo ‘La Manada’, declarou, em entrevista à laSexta Noche, que o Conselho Geral do Poder Judicial (CGPJ, na sigla original) “deveria ter atuado preventivamente contra o juiz que fez um voto particular” a favor da absolvição dos acusados.

O governante, que foi recebido com críticas por parte dos magistrados, acrescentou que “todos sabem que [o juiz Ricardo González] tem um problema particular e o trabalho do Conselho é averiguar se se está na plenitude das faculdades para exercer a função”.

Em causa está a sentença atribuída aos cinco espanhóis do grupo autodenominado 'La Manada', acusados de violar em grupo uma jovem de 18 anos durante as festas de São Firmino em 2016, em Pamplona. O tribunal de Navarra entendeu, com base num vídeo de 92 segundos filmado por um dos agressores, que foi cometido o delito continuado de abuso sexual e não de violação coletiva.

Notícias ao MinutoOs cinco acusado do grupo autodenominado 'La Manada'© Reprodução

Os três juízes decidiram pela absolvição do crime de agressão sexual (violação), pelo qual estavam também acusados pelo Ministério Público, condenando-os a nove anos de prisão pelo delito de abuso sexual continuado, delito que teve o voto a favor de dois juízes e um voto contra do terceiro, sendo este magistrado o alvo das críticas de Rafael Catalá.

A associação de juízes ‘Jueces para la Democracia’ pede, agora, a demissão do ministro da Justiça, depois destas declarações.

O El Mundo, porém, traz agora exemplos de casos em que o próprio Tribunal Superior de Navarra pediu ao CGPJ inspeções a Ricardo González.

"Por muito que ladrem e espumem como animais raivosos… não foi violação, nem abuso"

José Manuel Sánchez Fornet, ex-secretário-geral do Sindicato Unificado da Polícia (SUP), é uma das vozes a favor da sentença, pelo menos, uma das que mais celeuma tem causado nas redes sociais, por causa das suas opiniões assertivas.

O ex-representante de uma das organizações sindicais representativas do Corpo Nacional de Polícia de Espanha defende que as provas falam mais alto, assim como as determinações dos juízes, feitas em unanimidade.

“Opinar em contrário do rebanho de pensamento único e pegar na lama da pocilga e isso cheira mal. Há que fazê-lo de vez em quando para limpeza. Foi orgia consentida e não violação (dizem-no três juízes) nem abuso (diz um que se remete às provas)”, escreveu, este sábado.

No domingo, atendendo à chuva de críticas de que foi alvo, acrescentou: “Não vos quero ofender mas por muito que ladrem e espumem como animais raivosos… não foi violação, nem abuso, foi uma orgia promovida por ela e uma denúncia falsa. Assim dizem as provas. Condenados por medo da pressão social”.

“Três juízes do tribunal, em unanimidade, dizem que não houve violação. É essa a sentença. Depois dois dizem que houve abusos e um que diz que não. A sentença é contundente e diz que o acusado tem razão. A matilha de animais pode continuar aos berros, coitadinhos/as...”, continuou.

Sublinhe-se que, nas imagens do vídeo, a jovem fecha os olhos e não se defende, motivando a decisão do tribunal espanhol. Os cinco homens sempre alegaram que o sexo foi consentido, mas a jovem desmente, dizendo que não foi consentido e que entrou em estado de choque.

Entretanto, milhares de pessoas saíram às ruas em várias cidades do país para protestar contra a decisão judicial. "Não é abuso, é violação", ou "Não é não" são algumas das frases de ordem, num protesto a que se juntaram, inclusive, as irmãs das Carmelitas Descalças de Hondarribia (em Guipúzcoa, no País Basco).

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