Pela primeira vez no mundo, uma mulher transexual amamentou, com sucesso, um bebé.

A mãe adotiva transexual – que ainda tem genitais masculinos – foi capaz de amamentar após os médicos lhe administrarem um cocktail de drogas que terá induzido a produção de leite.

A certa altura a mulher estava a produzir cerca de meio litro de leite por dia, dizem os clínicos.

Ela terá decidido amamentar a criança de 3 kg, após a sua parceira – que gerou o bebé – se ter recusado a fazê-lo.

A mãe adotiva que optou por permanecer anónima continuou a amamentar a criança durante seis semanas, dando ao bebé uma mistura de leite e de fórmula.

Inicialmente, a mulher abordou para esse efeito, meses antes do nascimento da criança, uma equipa médica no Mount Sinai Health System, em Nova Iorque.

A médica Tamar Reisman, que a tratou no Centro de Medicina e Cirurgia Transexual, no Mount Sinai, disse que a mãe estava “extasiada” com o resultado.

“Acreditamos que este seja o primeiro caso no qual a amamentação induzida numa mulher transexual, funcionou de facto”, disse Reisman.

“Administramos-lhe várias drogas e a mãe utilizou ainda uma bomba de sucção, para conseguir produzir leite suficiente e ser a única fonte de alimento da criança durante seis semanas”, acrescentou.

“Este caso demonstra que, dentro das circunstâncias certas, a amamentação pode ser induzida em mulheres transexuais”, sublinhou Reisman.

Após a toma de hormonas femininas, de medicação para bloquear a produção de hormonas masculinas e de uma droga para induzir a produção de leite e do uso regular de uma bomba de sucção, a paciente conseguiu alimentar a criança sozinha.

Os pediatras garantiram que o crescimento e alimentação da criança estavam normais. Os dados foram publicado no Journal Transgender Health.

“Este é o primeiro passo em direção à estandardização de cuidados de saúde para mães transexuais, promovendo a construção de famílias felizes e saudáveis”, observou Tamar Reisman.

A médica salientou também que a amamentação confere benefícios tanto para a mãe como para a criança.

Todavia, a comunidade médica ainda teme que as drogas que induzem a produção de leite possam prejudicar a saúde dos bebés.

Mais ainda, a espironolactona, o medicamento usado para bloquear a produção de hormonas masculinas é transmitido pelo leite à criança.

Testes realizados em ratos, indicam que poderá aumentar o risco de cancro.