Ter um sorriso limpo e cuidado não deve ser apenas uma preocupação estética, deve ser uma preocupação diária em qualquer idade, pois os dentes podem ser um dos espelhos mais fieis da saúde humana.
No caso das mulheres, a saúde oral é uma questão ainda mais pertinente durante o período de gestação. Uma vez que a gravidez provoca uma série de alterações no corpo feminino, uma maior oscilação hormonal e ainda emocional, esta fase carateriza-se ainda por “particulares repercussões a nível oral”.
Quem o diz é médica Teresa Xavier, responsável pela consulta de Odontopediatria no Instituto de Implantologia, que, num comunicado enviado às redações, recorre a uma série de perguntas e respostas para dar a conhecer todos os mitos e verdades sobre a saúde oral durante a gravidez.
Comecemos pela ideia de que a gravidez estraga os dentes da mulher. Segundo a especialista, é incorreto pensar que a gestação causa um enfraquecimento dos dentes devido à perda de cálcio e que pode ainda estar na origem do aparecimento de cárie dentária. “O que sucede é que a ingestão alimentar mais frequente, com alto teor de açúcares, em conjunto com a diminuição de cuidados de higiene oral e o pH salivar mais ácido em consequência das náuseas e vómitos, podem aumentar o risco de cárie”, explica.
E a ida ao dentista é recomendada à grávida? Sim e Teresa Xavier destaca que “é do consenso geral a importância dos cuidados médico-dentários durante a gravidez, pelo risco das complicações associadas à patologia oral não tratada, quer para a grávida, quer para o feto. Idealmente os tratamentos médico-dentários devem ser realizados no segundo trimestre, contudo podem ser realizados em qualquer momento da gravidez, sobretudo em situação de urgência”.
Quanto ao flúor, é mesmo necessário tomá-lo quando se está grávida? Se for essa a recomendação do dentista, sim. “Além das estratégias preventivas, o tratamento das lesões de cárie é aconselhado antes (ou durante) a gravidez, por forma a diminuir eventuais complicações e a ocorrência da transmissão dos micro-organismos, responsáveis pelo aparecimento da cárie dentária, para a criança”, explica, salientando que “a mãe deve utilizar uma pasta fluoretada e em casos de elevado risco de cárie dentária pode estar recomendado a utilização de elixir fluoretado”, mas, claro, mediante aconselhamento especializado.
Ainda no que diz respeito à carie, a possibilidade de transmissão para o filho é um dos temas que mais dúvida suscita. Para a médica, “é de primordial importância que os pais e cuidadores saibam que as crianças estão particularmente suscetíveis à transmissão de Streptococcusmutans (bactérias responsáveis pelo aparecimento da cárie dentária), nos primeiros três anos de vida, e que a prematuridade da colonização bacteriana pode, a par de outros fatores, provocar o desenvolvimento de cárie dentária de modo transversal às dentições decídua e permanente. Assim, comportamentos como soprar ou provar a comida com a mesma colher da criança e colocar a chupeta na boca da mãe devem ser evitados”.
E sangrar das gengivas durante a gravides é normal? Na mesma nota enviada esta terça-feira, a doutora Teresa Xavier explica que é uma situação comum e resultante “de alterações hormonais” relacionadas com esta fase da vida das mulher.