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Maternidade? "A magia vem com o tempo e algumas mães precisam de mais"

Neste momento em que muitas famílias estão em quarentena por causa da pandemia do novo coronavírus, são muitas os temas comuns em casa das mamãs. A maternidade, a ansiedade e as relações foram assuntos que abordámos em conversa com Susana Dias Ramos, sexóloga e terapeuta de casal.

Maternidade? "A magia vem com o tempo e algumas mães precisam de mais"
Notícias ao Minuto

08:00 - 03/05/20 por Marina Gonçalves

Lifestyle Maternidade

A magia da maternidade pode não ser imediata - pois nem todas as mulheres expressam os mesmos sentimentos nas mesmas fases -, essa chega "com o tempo", como nos explica Susana Dias Ramos, sexóloga e terapeuta de casal. 

Licenciada em Psicologia, com especialização em Hipnose Clínica pelo London College of Clinical Hypnosis, pós-graduada em Neuropsicologia Clínica, em Saúde Sexual e Reprodutiva e ainda Especializada em Sexualidade Clínica e Terapia de Casal, Susana Dias Ramos esteve à conversa com o Notícias ao Minuto para falar sobretudo da maternidade e das relações sexuais.

Podem ser muitas e diferentes as emoções vividas neste momento em que muitas famílias espalhadas pelo mundo estão em isolamento social por causa da pandemia de Covid-19. Por isso, neste Dia da Mãe, Susana Dias Ramos - que conta com um canal no YouTube intitulado '100 Tabus' - esclarece alguns dos temas fundamentais nesta fase.

Ser mãe é algo mágico que muda a vida de uma mulher, mas como é que se consegue lidar com as emoções num momento em que os cuidados têm de ser redobrados por causa da pandemia?

Seja qual for o momento em que a maternidade aconteça, ela terá sempre a sua magia, só receio que aquilo que umas mulheres consideram como mágico não seja tomado com verdade absoluta para todas! Neste momento, as grávidas devem respeitar por completo todas as normas que são impostas, de resto acho que os receios, os medos, as incertezas são os mesmos que acontecem noutro momento porque o acontecimento em si, especialmente para as mamãs de primeira viagem, é uma 'pandemia' de sentimentos por si só! É impossível controlar as emoções, assim o melhor, é deixá-las fluir sempre, tentando manter o equilíbrio necessário. E isso de ser mágico... a magia é real ou um truque? É perigoso considerar a maternidade mágica, mas já lá vamos...

Há mães que estão com receio pelo facto de estarem tanto tempo isoladas e o que é que isso pode fazer a nível da saúde mental. Pensam no facto de irem para o hospital sem saber o que vai realmente acontecer. É certo que este caminho tem muitas incertezas por si só, mas com a pandemia as mesmas redobraram. Ter de ir sozinha para a sala de partos, ficar longe do bebé... O que se pode fazer para ajudar a reduzir esta ansiedade?

Ter o máximo de informação disponível, toda e qualquer informação ou dúvida que as mamãs possam ter devem colocá-las, seja ao médico de família, ao obstetra que faz o acompanhamento, ou mesmo à Saúde 24. Essa informação deve ser segura e credível, sempre dada por profissionais e não por buscas pessoais na internet onde encontram muita coisa incorreta! Tenho acompanhado uma espécie de boom de crescimento de grupos de mães que partilham experiências entre si, e partilhar acho maravilhoso, mas quando vejo que já se entra no campo do conselho médico, com mezinhas, pomadas e cremes e tratamentos, assusta-me. A informação clínica deve ser encontrada em locais especificamente clínicos e por vezes estas tais partilhas é que levam a várias confusões e desequilíbrios facilmente evitáveis!

A verdade é que a magia vem com o tempo e algumas mamãs precisam de mais tempo do que outras e tudo bem, é saudável, não fosse tudo aquilo que lhes é incutido ou ditoPensar demasiado nas condicionantes pode trazer mais ansiedade. As mamãs - ou futuras mamãs – podem acabar por não desfrutar esta fase da melhor maneira. Como lidar com toda esta agitação?

Como disse anteriormente, cumprindo todos os cuidados e acima de tudo com as informações e dúvidas completamente esclarecidas. Muitas vezes as mulheres não conseguem ter o tempo que gostariam para ultimar preparativos durante a gravidez, este tempo também pode ser visto como algo bom! Há uma maior entrega ao tempo tranquilo que vai passando. É importante desfrutar de cada segundo.

Este momento de isolamento social é mais propício ao aparecimento de casos de depressão pós-parto? Como é que se pode conter os danos desse transtorno?

Da experiência clínica que tenho, os principais gatilhos para a depressão pós-parto são a falsa informação que é dada às mulheres, especialmente por outras mulheres. Como começamos nesta entrevista, o 'momento mágico'! A maior parte das mulheres não sente magia nenhuma, muito pelo contrário, e ninguém lhes diz que é normal não se identificar com o bebé, não sentir aquilo especial de que todas falam... ahhh a maternidade é sempre colocada como algo tão maravilhoso que se não o sentimos assim é porque somos muito más mulheres e acima de tudo mães terríveis por não termos tal sentimento!

A verdade é que a magia vem com o tempo e algumas mamãs precisam de mais tempo do que outras e tudo bem, é saudável, não fosse tudo aquilo que lhes é incutido ou dito. Assim o facto de haver menos gente envolvida e a dar palpites pode ser uma boa forma até de evitar o transtorno. Vai lá estar, acima de qualquer outro sentimento, a ansiedade de execução, o medo de falhar, a responsabilidade total e isso aumenta a vinculação com o bebé reduzindo assim a taxa de insucesso ou depressão!

O facto de estarem confinados no mesmo espaço vai fazer com que estejam menos à vontade e daí terem de puxar pela imaginação para chegarem à intimidade, vai fazer maravilhas ao casalA depressão também pode atingir as mães que estão neste momento em casa 24 sob 24 horas com os filhos? Como podem tentar controlar tal situação?

Isso, sim, já é outra conversa, muito válida para mães que encaram a maternidade como mais uma parte da sua vida e não a vida toda! Mulheres ativas que estão acostumadas a gerir o seu tempo e ter a sua independência dos filhos! A melhor forma será tentar, de alguma forma, conseguir manter-se por algumas horas do dia totalmente independente do serviço da maternidade, nem que seja depois de as crianças irem dormir! Interagirem com o mundo 'fora', nem que seja através da TV, da Internet, de um livro ou mesmo da janela! Ocupar-se com coisas que só a si mesmas dizem respeito! Um truque mágico é manter-se arranjada diariamente como se fosse trabalhar e cumprir horários que estipule a si mesma!

Neste momento em que as famílias estão em casa, com as crianças... por vezes os pais acabam por não ter tempo para um momento a dois. Que complicações é que isso pode trazer na relação e que sugestões daria a casais neste contexto?

Manter os horários e improvisar! O facto de estarem confinados no mesmo espaço vai fazer com que estejam menos à vontade e daí terem de puxar pela imaginação para chegarem à intimidade, vai fazer maravilhas ao casal. A necessidade de escapar para conseguir o que já não se dava tanto valor pois estava sempre ali disponível!!!

O medo causado por estes tempos de incerteza pode levar as pessoas a perder o desejo sexual? E será que isso é mais notório num dos sexos?

Creio que não será o medo e a incerteza que mais influenciam o desejo, mas sim a rotina, o quotidiano e neste caso a monotonia do igual todos os dias, muitas vezes o desleixo que fica visível aos olhos dos parceiros. Coisas até aqui insignificantes vão tornar-se marcos bastante visíveis! As mulheres são mais sensíveis uma vez que o órgão mais erógeno que têm é a imaginação e quando pouco fica deixado à mão dela torna-se mais complicado. Mas é válido para ambos. É como num bom restaurante 'os olhos também comem' e daí que tenhamos de estar apetecíveis e desejáveis e não acontece quando se mantém o estilo não vamos sair para lado nenhum!!!

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