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Dia Mundial do Lúpus: Células estaminais são nova promessa de tratamento

Sabia que o Lúpus pode manifestar-se em qualquer órgão do nosso corpo, incluindo a pele? Em Portugal existem mais de quatro mil pessoas afetadas e no mundo mais de cinco milhões. Agora um novo tratamento com recurso a céluluas estaminais promete uma remissão da doença a longo prazo. Em entrevista ao Notícias ao Minuto João Sousa, diretor de Qualidade do Laboratório Bebé Vida, falou sobre o Lúpus e sobre esta nova terapêutica.

Dia Mundial do Lúpus: Células estaminais são nova promessa de tratamento
Notícias ao Minuto

12:00 - 10/05/18 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle Entrevista

O Lúpus é uma doença crónica que se caracteriza pelo funcionamento incorreto do sistema imunitário, responsável por combater os vírus, bactérias e outros agentes infecciosos. Em estado normal, o nosso sistema imunitário produz proteínas (anticorpos) que protegem o organismo dos 'invasores'. Por ser uma doença autoimune, nos doentes com Lúpus o sistema imunitário não consegue distinguir os 'agentes invasores' dos tecidos saudáveis e, por isso, cria anticorpos que atacam e destroem os tecidos saudáveis.

É assim que é causada a inflamação, a dor e que se danificam diversas partes do organismo. O recurso a células estaminais é uma promessa de tratamento para esta doença, principalmente em doentes para os quais os tratamentos atuais não se revelam eficazes.

Em entrevista João Sousa, diretor de Qualidade do Laboratório Bebé Vida, aborda todas as vertentes da patologia do 'lobo' ou das 'manchas' que afeta milhões em todo o mundo. Saiba mais. 

Pode explicar aos nossos leitores o que é o Lúpus?

O Lúpus é uma doença autoimune, crónica, que pode afetar qualquer parte do corpo, incluindo a pele, as articulações e outros órgãos, provocando disfuncionalidades no sistema imunitário, que é o responsável pelo combate a vírus, bactérias e outros agentes infeciosos.

Existem variantes do Lúpus?

Sim, existem duas variantes desta doença. O Lúpus Discoide, uma forma mais ténue da doença com expressão essencialmente ao nível da pele, e o Lúpus Eritematoso Sistémico, uma variante mais grave da doença que, além de deixar cicatrizes profundas na pele do doente, afeta outras partes do organismo e pode até levar à morte.

O Lúpus afeta mais mulheres do que homens, sendo que, quando se manifesta no homem, as consequências são mais gravesQuais são os sintomas da doença?

Manifesta-se de forma evidente através de fadiga, feridas na cavidade bucal, perda de peso acentuada e, numa fase mais avançada da doença, perda de cabelo e dores nas articulações. Em fases agudas da doença, pode ocorrer infeção renal ou pneumonia.

Afeta mais os homens ou as mulheres?

O Lúpus afeta mais mulheres do que homens, sendo que, quando se manifesta no homem, as consequências são mais graves. Na proporção de 8 em 10 mulheres afetadas pelo Lúpus, apenas um homem é afetado.

Surge numa idade específica?

Estatisticamente podemos afirmar que existem dois momentos particulares para o aparecimento do Lúpus: entre os 12 e os 14 anos e entre os 30 e os 50 anos.

O Lúpus não tem cura, mas um correto acompanhamento médico permite aos doentes terem uma vida quase normalQue tratamentos existem?

Os tratamentos de referência são o uso de antibióticos e cortisona, sendo que esta última provoca muitas vezes osteoporose, cataratas e, frequentemente, instabilidade emocional.

Atualmente existe apenas um medicamento disponível no mercado especificamente desenvolvido para tratar pessoas com Lúpus que, embora tenha levado mais de 50 anos a ser desenvolvido, não funciona em todos os tipos da doença.

Alguns tratamentos incluem a administração de medicamentos imunossupressores, que muitas vezes são também utilizados em quimioterapia.

O Lúpus tem cura?

O Lúpus não tem cura, mas um correto acompanhamento médico permite aos doentes terem uma vida quase normal, controlando-se a ação do sistema imunitário, que está disfuncional.

O tratamento com recurso a células estaminais é novo?

Este tratamento não é novo. Em doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico, a forma mais severa da doença, têm sido efetuados transplantes com recurso a células estaminais hematopoiéticas alogénicas (transplante em que o dador e o recetor não são a mesma pessoa). Contudo, este procedimento encerra alguns inconvenientes, nomeadamente complicações associadas à doença do enxerto contra o hospedeiro.

Mais recentemente, têm sido realizados ensaios clínicos para o uso de células estaminais mesenquimais obtidas a partir da medula óssea e do tecido do cordão umbilical (muito rico neste tipo de células). Recorrer às células estaminais mesenquimais, nomeadamente as que são obtidas a partir do tecido do cordão umbilical, tem-se revelado bastante promissor no tratamento desta doença.

No que consiste?

O tratamento passa por fazer uma infusão de células estaminais mesenquimais no doente por forma a que as mesmas migrem para as zonas afetadas e façam a reparação dos danos mencionados. Estas células imuno-privilegiadas têm a capacidade de 'homing' ou seja, atuam nas zonas onde são precisas, regenerando os tecidos danificados.

Este tratamento já foi posto em prática?

Já foram efetuados diversos estudos clínicos sobre o uso de células estaminais mesenquimais para tratamento do Lúpus Eritematoso Sistémico. Ultimamente foram publicados os resultados de um ensaio clínico com 81 doentes submetidos a tratamento durante cinco anos, tendo-se recorrido, em alguns dos casos, ao uso de células estaminais mesenquimais obtidas a partir de medula óssea e, noutros casos, ao uso destas células presentes no tecido do cordão umbilical.

Estima-se que em Portugal existam cerca de quatro mil pessoas afetadas pelo LúpusO tratamento é capaz de erradicar a doença de vez?

A análise dos resultados obtidos permitiu concluir que o transplante de células estaminais mesenquimais alogénicas (dador diferente do recetor) é seguro e resulta numa remissão da doença a longo prazo em doentes com Lúpus Eritematoso Sistémico, dando maior consistência à eficácia do uso das células estaminais nesta doença.

Qual é a incidência do Lúpus em Portugal?

Estima-se que em Portugal existam cerca de quatro mil pessoas afetadas pelo Lúpus. A nível mundial aponta-se para cinco milhões de pessoas afetadas por esta doença.

Quais são as principais dificuldades das pessoas que sofrem com esta patologia?

Devido às diversas manifestações, nem sempre o doente é acompanhado uniformemente, o que pode comprometer o tratamento, no longo prazo, tão relevante por se tratar de uma doença crónica.

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