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Recomendações não são "questão religiosa" mas há interesse em cumprir

O chefe de missão a Portugal da Comissão Europeia, Carlos Martinez Mongay, afirmou hoje que as recomendações de Bruxelas não são uma "questão religiosa", defendendo que os países "são os principais interessados" em resolver os seus problemas, cumprindo-as.

Recomendações não são "questão religiosa" mas há interesse em cumprir
Notícias ao Minuto

14:10 - 29/06/17 por Lusa

Economia Bruxelas

"Não é uma questão religiosa, de acreditar ou não, mas de fixar prioridades e de começar pelo diagnóstico correto da situação do país", afirmou Carlos Martinez Mongay, numa conferência promovida pela Representação da Comissão Europeia em Lisboa sobre as recomendações feitas por Bruxelas a Portugal.

O diretor da Comissão Europeia, com a pasta das economias dos Estados-membros, defendeu que "o que define as condições de vida de um país é a capacidade de criar crescimento", mas sublinhou que a elevada dívida pública portuguesa, que estabilizou em torno dos 130% do Produto Interno Bruto (PIB), está a limitar o investimento.

Carlos Martinez Mongay defendeu que a única forma de reduzir a dívida, até porque as taxas de juro estão baixas, é "avançar com a consolidação orçamental" e sublinhou que "os países são os principais interessados em resolver estes problemas".

O chefe da missão a Portugal respondia a posições do economista Ricardo Cabral que, no encontro, considerou que os objetivos orçamentais para os países "vão sempre mudando", e que, mesmo no caso de resultados positivos, "não há manifestação de sucesso e é pedido mais".

Para Ricardo Cabral, a postura da Comissão Europeia "parece cada vez mais religião do que política económica".

Com a saída do Procedimento por Défices Excessivos (PDE), Portugal entrou no chamado 'braço preventivo' do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) e terá agora um conjunto de novas regras para cumprir: apresentar ajustamentos estruturais (ou seja, sem considerar a variação do ciclo económico e o impacto das medidas temporárias) todos os anos e baixar a dívida pública a um ritmo mais acelerado.

Uma dessas regras é alcançar o Objetivo Médio Prazo (OMP), que implica obter um saldo estrutural positivo de 0,25% do PIB e, até ser alcançado, terá de haver um ajustamento estrutural de pelo menos 0,5 pontos percentuais do PIB, sendo que tem sido entendimento da Comissão Europeia que corresponde a um ajustamento mínimo de 0,6 pontos.

Também a dívida terá de obedecer a uma trajetória descendente e a um ritmo mais acelerado, uma vez que os países que não estão em PDE e que têm uma dívida pública superior a 60% do PIB devem reduzir o excesso de dívida (a diferença entre o nível total e o valor de referência de 60% do PIB) em um vigésimo por ano, uma regra que Portugal estava dispensado de cumprir por estar sob aquele procedimento.

Por outro lado, a Comissão Europeia identificou desequilíbrios macroeconómicos excessivos em Portugal: o elevado endividamento (externo, público e privado), o peso do crédito em incumprimento e o desemprego ainda alto.

Na sua intervenção, Carlos Martinez Mongay fez um resumo das quatro recomendações específicas deixadas a Portugal: procurar levar as finanças públicas para o equilíbrio, fazer reformas no mercado laboral (dado o ainda elevado nível de desemprego), fortalecer o setor financeiro e o ambiente empresarial.

Quanto à sustentabilidade das finanças públicas, o chefe de missão da Comissão a Portugal defendeu que deve ser feito um controlo mais ambicioso da despesa pública - não só a nível da Administração Central, mas de toda a Administração Pública.

No mercado de trabalho, o responsável europeu disse que os riscos que a Comissão tinha apontado ao aumento do salário mínimo "ainda não se estão a materializar", admitindo o seu lado positivo na redução da pobreza dos trabalhadores e no aumento da procura.

No setor financeiro, Carlos Martinez Mongay afirmou que são necessárias "medidas específicas" para resolver o problema do crédito malparado, admitindo que é difícil distinguir entre o que são os planos do Governo e as medidas já implementadas; no setor empresarial, considerou que o acesso a financiamento pelas pequenas e médias empresas ainda é limitado, apesar de programas governamentais como o Capitalizar e o Semente.

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