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"Há uns anos, empresas escondiam a origem. Hoje, têm carimbo de Portugal"

Numa conversa descontraída, o fundador e CEO de uma das startups mais valiosas de Portugal explicou que a opinião dos estrangeiros sobre o mercado nacional mudou radicalmente nos últimos três anos.

"Há uns anos, empresas escondiam a origem. Hoje, têm carimbo de Portugal"
Notícias ao Minuto

07:30 - 30/05/17 por Bruno Mourão

Economia Nuno Sebastião

Nuno Sebastião saiu da Agência Espacial Europeia para partir em busca do sucesso com a própria empresa. Apesar de muitos duvidarem da sua sanidade mental, o espírito empreendedor levou a melhor, e hoje em dia, o empresário é o orgulhoso líder da Feedzai, uma das únicas startups portuguesas avaliadas em mais de mil milhões de euros.

A humildade e descontração de quem construiu um império tecnológico com uma ideia própria transparecem a cada instante, e facultam uma abertura às conversas informais, permitindo ao Economia ao Minuto 'roubar' a atenção de Nuno Sebastião durante a Horasis Global Meeting.

Veja em baixo a conversa que se seguiu, onde o CEO da Feedzai falou sobre a presença em eventos de empreendedorismo, a mudança em Portugal nos últimos anos e até acerca do recente prémio de empreendedor do ano atribuído pela London Business School.

Porque é que acharam importante estar presentes no Horasis Global Meeting? 

É preciso vender o nosso peixe [risos]! Quem diria que era possível ter um evento destes, com pessoas tão importantes, aqui em Portugal. É fabuloso. Quando me convidaram, tive todo o gosto em vir. Haja mais destes! 

Também tiveram oportunidade de estar por exemplo, na Web Summit... 

Não foi bem na Web Summit, foi num outro evento deles que se chama Founders, que para mim, é bastante mais interessante pelo estágio em que a Feedzai já está. Na Web Summit há muitas pessoas, mas o Founders tem 100 a 200 pessoas e temos acesso a pessoas durante dois dias com quem nunca conseguiríamos falar de outra forma. Estive este ano num evento deste género em Nova Iorque, o Cloud New York, onde tinha sentados ao meu lado empresários que tinham participado em negócios de entrada em bolsa de cinco, seis, dez mil milhões de euros, e que falavam dos presidentes da Oracle e da Microsoft porque são amigos pessoais deles; sem estes encontros, demora-se muito tempo a conseguir falar com estas pessoas. É este o valor de eventos assim. 

E qual é o efeito que a presença nestes eventos teve na Feedzai? 

Bem, raramente são efeitos imediatos. Aquilo que acontece é que vamos plantando sementes e depois as coisas acontecem. Por exemplo: neste tipo de eventos conheço o presidente de um banco ou um grande investidor; nada acontece logo ali, mas o nome fica no ouvido. Ouvir o nome da Feedzai nestes tipos de eventos vale ouro. Eu não sei quem está nesta sala, mas daqui a uns meses, tenho a certeza que vou receber um e-mail a dizer-me que ouviu falar de mim aqui. Tudo isto vai-se acumulando e leva a resultados fenomenais. 

Hoje em dia, quando dizem que são portugueses, a reação é de desconfiança, ou de entusiasmo? 

Nos últimos três anos, a diferença é enorme. Eu fui para os Estados Unidos há três anos e a diferença não podia ser maior: ao início, quando tentava vender a nossa tecnologia a bancos e empresas, todos me diziam que ouviam falar de Portugal. Perguntavam-me: "Vocês são aqueles que estão na bancarrota, não é?" [risos]. Eu ficava sem resposta. Estávamos a tentar vender uma solução tão importante para a atividade central dos bancos e era essa a resposta que recebíamos. Contrastar isso com o que acontece hoje em dia... 

Sentem maior abertura? 

Hoje chegamos aos Estados Unidos e dizemos que somos uma empresa portuguesa com todo o orgulho. Nós nunca quisemos tirar a sede de Portugal e dizemos sempre às pessoas: "Querem investir? O dinheiro vai para Portugal. E hoje em dias temos o Citibank, a SAP, entre outros, a investir aqui. Isto aumenta o nível de confiança e hoje em dia, sinto-me humilde por receber e-mails de CEO's de bancos que me contactam porque já ouviram falar do nosso trabalho. E tudo ajuda: o futebol, as pessoas simpáticas, ajuda, o crescimento, a música... Aqui há uns anos, as empresas escondiam a origem portuguesa. Hoje, todos têm um carimbo de Portugal e com grande gosto. 

Nunca pensaram seguir o modelo de outras startups portuguesas e dividir a sede entre Portugal e o estrangeiro? 

Não precisamos. A confiança existe e em termos fiscais, estamos num país altamente regulado, membro de um dos maiores blocos económicos e financeiros do mundo. Não há nenhuma razão para um investidor se queixar: Portugal faz parte da União Europeia e é mais seguro do que todos os outros. Do ponto de vista da estabilidade, não há nada a apontar. Talvez muito no início tivéssemos pensado nisso, mas hoje, nem pensar. 

Foi esta visão dos negócios que convenceu a London Business School a dar-lhe o prémio de empreendedor do ano? 

Confesso que não conheço o processo deles, mesmo sendo um ex-estudante, mas se calhar, ajudou o facto de Portugal estar na moda [risos]. Se calhar pensaram: "Portugal está na moda, está aí um português... olha, dêem-lhe o prémio [risos]!" Mas claro que o trabalho que temos feito também ajudou. 

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