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Venda de borrego na Páscoa idêntica à de 2016, mas preço baixou

As vendas de borrego produzido no Alentejo nesta quadra de Páscoa, quando "reina à mesa", estão a ser semelhantes às do ano passado, mas o preço baixou, segundo criadores contactados pela agência Lusa.

Venda de borrego na Páscoa idêntica à de 2016, mas preço baixou
Notícias ao Minuto

11:28 - 12/04/17 por Lusa

Economia Alentejo

A procura por borrego nesta época pascal está a ser "semelhante" à de 2016, "mas o preço está um pouco mais baixo, cerca de cinco euros", disse à agência Lusa o diretor-geral da ACOS - Associação de Agricultores do Sul, Claudino Matos.

De acordo com o dirigente da principal associação que representa os criadores de ovinos do Alentejo, com sede em Beja, na Páscoa, como no Natal, "por tradição, há um aumento da procura", mas este ano o preço não está a acompanhar esta tendência.

"Segundo a lei da oferta e da procura, o lógico seria o preço disparar quando há aumento da procura, mas os produtores queixam-se de que o preço do borrego está um pouco mais baixo" este ano e em relação à anterior quadra pascal, disse.

No ano passado, "um borrego normal inteiro valia 60 ou 65 euros e este ano vale 55 ou 60, uma diferença de cinco euros", precisou, referindo que o preço não está a acompanhar o aumento da procura devido a "vários fatores externos, que estão a provocar alguma perturbação no mercado".

A redução do preço deve-se "sobretudo à diminuição do consumo", apontou Claudino Matos, afirmando que "a carne de borrego é cada vez menos consumida na Europa e em Portugal", onde o consumo anual por pessoa já foi de quatro quilos, mas, atualmente, é de cerca de 2,200 quilos.

"Cada vez se consome menos borrego", porque é uma carne "difícil de preparar" e cujo consumo está "associado a épocas festivas e não é muito usual no resto do ano", explicou.

Há também a "concorrência" da carne de borrego importada, nomeadamente da Austrália e da Nova Zelândia, que "entra no mercado português principalmente através das grandes superfícies comerciais e é vendida significativamente mais barata do que a nacional".

No distrito de Portalegre, a empresa Pasto Alentejano, situada em Sousel, regista também números "idênticos" aos de 2016 e "normais" para a época, disse à Lusa o administrador José Serralheiro.

"As vendas estão muito bem encaminhadas, vamos ver como é que o cliente vai responder nos próximos dias, porque com o tempo agradável os consumidores podem trocar a carne pelo peixe, apesar de o borrego fazer parte da tradição", referiu.

A Pasto Alentejano é um dos principais fornecedores portugueses de carne de borrego, vende cerca de 150 mil animais por ano, 30 mil dos quais nas três semanas que antecedem a Páscoa, e está também a "crescer" no mercado internacional, nomeadamente em Israel.

Observado que a exportação de animais "veio animar" o mercado, José Serralheiro indicou que nesta altura da Páscoa está a ser praticado um preço na ordem dos "5,50 euros a seis euros o quilo".

Por seu turno, o Agrupamento de Produtores do Alentejo Elipec, com 30 criadores e que forneceu cerca de 2.500 borregos nesta época de Páscoa para grandes superfícies comerciais, está a vender "ligeiramente" mais do que em 2016, disse à Lusa o colaborador António Rodrigues.

"Cada vez há menos consumo de borrego, as vendas só animam no Natal e na Páscoa", lamentou.

O Agrupamento de Produtores Pecuários do Norte Alentejano - Natur-al-Carnes, que tem cerca de 100 produtores e vende uma média de 1.600 borregos na Páscoa, principalmente para a indústria de distribuição, nota que, "este ano, a oferta é maior do que a procura" e o preço "desceu em relação ao ano anterior", segundo o responsável António Esteves.

Já Tiago Perloiro, criador de ovinos na zona de Amareleja, no concelho de Moura, distrito de Beja, que tem um rebanho de 800 ovelhas, considerou que este ano a "procura é menor do que no ano passado" e também observa uma descida do preço.

"Tenho a sensação de que a procura diminuiu e tenho a certeza de que o preço é mais baixo cinco euros por borrego vendido na exploração", disse o criador, que é também secretário-técnico da Associação Nacional de Criadores de Ovinos e Raça Merina, com sede em Évora.

Sem conhecer estudos que permitam "dar uma resposta objetiva", Tiago Perloiro indicou que este decréscimo só se pode justificar "por estar a entrar em Portugal carne vinda de fora" do país, "sobretudo de Espanha", e por o borrego, "se calhar, estar a chegar muito caro ao consumidor final".

E, ainda que a Páscoa seja "uma época em que, tradicionalmente, se come mais borrego", o criador disse não saber se, "efetivamente, isso continua a acontecer", já que a opção por este tipo de carne e a sua preparação requerem "cultura culinária".

"Um bife de peru ou um bife de novilho não exigem qualquer cultura culinária. Mas com o borrego já não é assim, é preciso deixar a carne temperada de véspera e fazer alguma preparação. Essa cultura culinária vai afastando as pessoas", argumentou.

Tiago Perloiro defendeu que o mercado da carne de borrego "tem que se reinventar" e criar "o hambúrguer, o bife ou a almondega de borrego", à semelhança do que aconteceu em Espanha, cuja organização que representa o comércio deste tipo de carne "está a apostar muito nesta vertente e em colocar os ´chefs` de cozinha a preparar borrego de outras formas, vendendo-o muito mais caro".

LL/HYT/RRL // MLM

Noticias Ao Minuto/Lusa

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