Divisas para os bancos angolanos caem quase 60% numa semana
A injeção semanal de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) na banca comercial voltou a descer, quase 60 por cento, para 106,2 milhões de euros, cobrindo necessidades de empresas ou operações de cartões de crédito.
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A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, no período entre 18 e 22 de julho, contrastando com 254,9 milhões da semana anterior e com os 315 milhões de euros do início do mês, mantendo-se as vendas apenas em moeda europeia.
De acordo com o documento, consultado hoje pela agência Lusa, as divisas disponibilizadas na última semana, equivalentes a 118,7 milhões de dólares, destinaram-se a cobrir, nomeadamente, necessidades de empresas (22,7 milhões de euros), operações de viagens e ajuda familiar (22,4 milhões de euros), operações de cartões de crédito (17,9 milhões de euros) e a importação de alimentos (7,2 milhões de euros).
Especificamente em leilões de preço, o BNA disponibilizou ainda 35,8 milhões de euros para cobertura de necessidades das empresas prestadoras de serviço ao setor petrolífero.
A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu praticamente inalterada nos 166,713 kwanzas por cada dólar e nos 186,267 kwanzas por cada euro.
Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota de um dólar continua a ser transacionada à volta dos 600 kwanzas.
Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade.
A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.
A falta de divisas dificulta ainda a transferência de salários dos trabalhadores de expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.
Só de trabalhadores expatriados portugueses estão retidos, segundo o Governo de Portugal, cerca de 160 milhões de euros de vários meses de salários por transferir para contas nacionais (em divisas).
O BNA informou na passada sexta-feira que está a trabalhar com os bancos comerciais numa "melhor programação na venda de divisas" para "repor de forma gradual, programada, organizada e prudente" as necessidades de todos os setores da economia.
Em comunicado, o banco central referia ainda que nas últimas semanas tem vindo a realizar reuniões de "auscultação e concertação" com a Associação dos Bancos Comerciais de Angola (ABANC) e com os presidentes ou representantes dos conselhos de administração de 15 bancos angolanos para "partilhar informação sobre os desafios do sistema financeiro".
O Presidente angolano exigiu a 01 de julho ao BNA que encontre soluções para resolver as dificuldades dos clientes e empresas no acesso a divisas, reconhecendo que no momento atual quem tem dinheiro prefere mantê-lo fora do país.
José Eduardo dos Santos explicou que a venda de divisas aos bancos por parte das empresas petrolíferas estrangeiras que operam no país, para obterem moeda nacional para o pagamento das despesas em Angola, são na ordem dos 300 milhões de dólares por mês e não cobrem atualmente as necessidades, como no passado.
O chefe de Estado disse que o Governo já recomendou ao BNA que "trate desta matéria com urgência", em articulação com os bancos comerciais, "para melhor proteger os interesses" de Angola.
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