A informação foi transmitida à margem da inauguração do primeiro balcão do BMA na cidade financeira em Talatona, arredores de Luanda, que resulta da fusão do Banco Millennium Angola com o Banco Privado Atlântico (BPA).
"É nossa intenção, dos acionistas, vir a ser cotado. Há um prazo para poder pensar nisso, entre os acionistas. Não é à pressa, mas também não é devagar, é um prazo razoável e decidiremos em que bolsa ou em que bolsas poderemos ser cotados e em que condições", explicou Nuno Amado.
O processo de integração entre as estruturas dos dois bancos anteriores, que se iniciou hoje em termos formais, deverá estar concluído num prazo de "três a quatro meses", sendo intenção dos acionistas avançar até 2019 com cotação em bolsa.
"Era interessante ser uma bolsa africana e uma bolsa europeia, se quer a minha opinião. Porque temos um acionista de base africano, angolano, e um acionista português. Mas não está decidido. Era bom que a três anos nós tivéssemos isso identificado e concluído, mas depende das condições", admitiu o presidente do BCP.
Para Nuno Amado, o Millennium BCP inicia hoje um "novo ciclo" em Angola, com um formato que permitirá crescer e "dar frutos", tornando-se o Millennium Atlântico no banco privado com a maior carteira de crédito no país.
Uma "boa e correta integração" das estruturas - as sinergias de custos resultantes desta fusão estão estimadas em 20 milhões de euros por ano - são, para Nuno Amado, prioridades para os próximos meses.
"Que corra bem [a integração das duas equipas], como está a correr, e que depois possa crescer. [BMA] Tem que claramente ultrapassar os 10% de quota de mercado, na minha opinião, com rentabilidade e com financiamento à economia adequado", apontou o presidente do BCP.
A operação de fusão entre o Millennium Angola e o BPA foi anunciada pelas duas instituições a 08 de outubro de 2015 e a escritura pública foi oficializada em abril.
O Banco Comercial Português (BCP), que detém 51% do anterior Banco Millennium Angola, fica com uma participação de 22,5% no novo banco.
Esta fusão acontece numa altura de forte crise económica e financeira em Angola, decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo e com o Governo a querer implementar um programa para diversificar a economia. Para Nuno Amado, trata-se de um "período de ajuste", que será "duro", mas que no final tornará a economia angolana "mais independente", nomeadamente reduzindo as importações e aumentando a produção nacional.
O agora Banco Millennium Atlântico passa a contar com uma quota de mercado de 11% no crédito e de 9% nos depósitos em Angola, somando cerca de 2.000 colaboradores.