O pré-lançamento do Model 3 está a valer à Tesla vários recordes e a provar de forma quase inegável a viabilidade comercial dos carros elétricos no segmento médio do mercado automóvel. 

Há menos de um mês, no último dia de março, Elon Musk subiu ao palco e sob os aplausos entusiasmados dos fãs e jornalistas revelou o primeiro protótipo do mais recente modelo da Tesla. E se a apresentação das linhas deixou todos agradados, o preço causou espanto: apenas 31 mil euros, um valor abaixo de todas as previsões e a larga distância o mais acessível de toda a marca. 

A mistura do entusiasmo em torno de um novo carro com marca Tesla, de linhas arrojadas e relação preço/qualidade difícil de igualar, e do baixo custo de reserva (890 euros) levou uma enorme vaga de clientes a encomendar o seu próprio Model 3 e deixou um sorriso rasgado nos lábios de Elon Musk. 

Uma semana depois do anúncio, a Tesla revelou oficialmente que tinham sido reservados 325 mil veículos a "maior semana de lançamento que um produto já teve", nas palavras da marca. A euforia em torno do Model 3 abrandou ligeiramente nas últimas duas semanas, mas tendo em conta os novos números divulgados, as reservas não param de aumentar. 

Numa conferência em Oslo, Elon Musk revelou que até ao momento foram recebidas "quase 400 mil encomendas", um número impressionante que significa um encaixe financeiro crucial para a liquidez da Tesla. 

As contas são simples: tendo em conta que a fabricante de carros elétricos recebeu cerca de 400 mil encomendas, com o custo unitário de 890 euros, já entraram nos cofres cerca de 356 milhões de euros. O dinheiro será essencial para o investimento na produção dos carros e poderá ser essencial para garantir a viabilidade do plano estratégico da Tesla. 

O futuro poderá ser ainda mais risonho caso as encomendas se transformem em compras efetivas: na melhor das hipóteses a Tesla poderia encaixar 12,4 mil milhões de euros, mas apenas se 100% das reservas se confirmem como aquisições. 

Tendo em conta que os 890 euros da encomenda são totalmente reembolsáveis, sem qualquer penalização, as expectativas mais realistas apontam para uma taxa de conversão de 70%. Mesmo neste cenário, o encaixe financeiro seria igualmente extraordinário: 8,68 mil milhões de euros que dariam margem à Tesla para se tornar um dos gigantes do setor automóvel e provaria de forma irrefutável a viabilidade do projeto ambicioso de Elon Musk.